Acta do congresso de
Viena 9 de Junho de 1815. Música de fundo: Hino da Restauração (1640)
Derrotado Napoleão, em Abril de
1814, procuraram as potências europeias restabelecer, na medida do possível, a ordem e as fronteiras vigentes em
1792. Se o Tratado de
Paris de 30 de Maio de 1814 deu início ao processo de paz, só o Congresso de Viena, cujos trabalhos começaram a 27 de Setembro do mesmo ano, veio tentar resolver os muitos problemas pendentes.
Entre as questões de maior interesse para
Portugal encontrava-se o problema da fronteira da
Guiana Francesa e a restituição de Olivença. A Espanha tentou demover a diplomacia portuguesa de apresentar a Questão de Olivença ao Congresso de Viena, com promessas pouco consistentes de restituição do território. Portugal, suspeitando das intenções espanholas, optou por tentar resolver o problema envolvendo os diversos países presentes em Viena. Confiando na possibilidade de Olivença nos ser restituída, a diplomacia portuguesa procurou a anulação do tratado de aliança anglo-luso de 1810, pelo qual Portugal cedia
Bissau e
Cacheu à Grã-Bretanha, por um período de 50 anos, em troca do apoio deste país à retrocessão do território oliventino.
Para além de alcançar este desiderato, os nossos representantes no Congresso de Viena - D.
Pedro de Sousa Holstein, D. António Saldanha da
Gama e D.
Joaquim Lobo da Silveira - conseguiram que fosse estatuído o nosso direito à reincorporação de Olivença, o que ficou definido no Artigo 105 do tratado:
"As Potências, reconhecendo a justiça das reclamações formuladas por Sua Alteza
Real, o Príncipe Regente de Portugal e do
Brasil, sobre a vila de Olivença e os outros territórios cedidos à Espanha pelo Tratado de
Badajoz de 1801, e considerando a restituição destes objectos como uma das medidas adequadas a assegurar entre os dois Reinos da Península aquela boa harmonia, completa e estável, cuja conservação em todas as partes da
Europa tem sido o fim constante das suas negociações, formalmente se obrigam a empregar por meios conciliatórios os seus mais eficazes esforços a fim de que se efectue a retrocessão dos ditos territórios a favor de Portugal. E as Potências reconhecem, tanto quanto depende de cada uma delas, que este ajuste deve ter lugar o mais brevemente possível."
O Plenipotenciário espanhol, D.
Pedro Gomes Labrador, recusou-se a assinar o Tratado de Viena de 9 de Junho de 1815, lavrando um protesto contra várias deliberações do Congresso, entre as quais se encontrava a restituição de Olivença. A Espanha acabou por aceitar aquele tratado a 7 de Maio de 1817, data em que o
Conde de Fernan Nuñez o assinou, reconhecendo os direitos portugueses sobre Olivença e comprometendo-se à sua restituição, o que até hoje não cumpriu.
- published: 09 Mar 2009
- views: 3788