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A política profissional é uma fábrica de traidores. Consumado o golpe paraguaio versão coxinha

category brazil/guyana/suriname/fguiana | economia | opinião / análise author Tuesday April 19, 2016 02:01author by BrunoL - 1 of Anarkismo Editorial Groupauthor email blimarocha at gmail dot com Report this post to the editors

18 de abril de 2016, Bruno Lima Rocha

Acabou o engodo, terminou a primeira fase da maior farsa jurídico-política-midiática da história do Brasil. A Câmara Federal votou com o seguinte placar, 367 (a favor) X 137 (contra) X 7 (abstenções) X 2 (ausências), totalizando 511 deputados votantes, sendo que maioria absoluta conseguiu aprovar a autorização para o Senado julgar a presidente Dilma Rousseff a partir do pedido de impeachment escrito e encaminhado pelos juristas Miguel Reale Jr., Hélio Bicudo e Janaína Paschoal. Teríamos várias críticas e observações a fazer, mas de forma sucinta aponto ao comportamento da mídia e dos parlamentares neste dia para jamais esquecer e tampouco perdoar na história do Brasil.

A democracia liberal é um pato manco de pernas curtas e tortas, e o Brasil vem entrando na escalada de golpes brancos e institucionais na tarde-noite de domingo 17 de abril, ao vivo e a cores, com sensação de espetáculo midiático.
A democracia liberal é um pato manco de pernas curtas e tortas, e o Brasil vem entrando na escalada de golpes brancos e institucionais na tarde-noite de domingo 17 de abril, ao vivo e a cores, com sensação de espetáculo midiático.

Crítica da Mídia Golpista

O trabalho da mídia e o clima de já ganhou manifesto ao longo do dia de domingo 17 de abril, data em que se completam 20 anos o massacre de Eldorado dos Carajás. Seria um exagero observarmos cada manobra e manipulação da família Marinho, em específico da Globonews. Mas, como o tema da política econômica impera no fundo das argumentações, listo três abaixo, a fundamentar a orientação dos golpistas. No dicionário político da Globonews e dos institutos neoliberais, temos o avesso da Economia Política Crítica. Vejamos:

Populismo Fiscal - quando o governo central mantém os gastos com o rentismo, torrando no mínimo 42% e chegando a 49% do orçamento federal com os juros da dívida e ainda assim tenta manter minimamente as políticas sociais e a política industrial;

Intervenção Política na Economia - quando o governo central toma um mínimo de vergonha na cara e orienta o Copom a baixar a taxa básica de juros e assim diminuir o peso do rentismo nas finanças da União, deixando de onerar mais de 25% do PIB brasileiro.

Austeridade e Fiel Cumprimento das Regras da Economia - quando o governo central cumpre apenas as funções básicas do Estado Capitalista alocando mais de dois terços dos recursos diretamente para financiar a acumulação privada, priorizando o capital financeiro e na sequência subsidiando os cartéis nacionais.

Além destas observações acima, a crítica da mídia não deve parar por aí. Muito se especulou e muito foi plantado ao longo dos últimos meses, especialmente nos últimos dias. O reforço que quero deixar aqui é o da crítica da economia política, quando a empresa de comunicação traveste de “observação técnica” a políticas de Estado e a política econômica de corte neoliberal.

A fábrica de salsichas e a linha de montagem de traidores

A transmissão ao vivo da sessão solene do Impeachment na Câmara é a demonstração viva de um conceito-chave para a análise política de corte libertário (não confundir com o termo incorporado da direita liberal dos EUA). A política profissional é uma fábrica de traidores, e a grande maioria da suposta base aliada veio sendo comprada - por dentro e com rubrica, através de acomodação de forças e alocação de recursos - pelo governo da ex-esquerda, incorrendo inclusive em ações que foram judicializadas, como a Ação Penal 470 ( ação conhecida como Mensalão). Vendo a base "aliada" que garantira a "tal da governabilidade" correr do apoio ao governo da ex-esquerda sem nenhum pudor é algo que alegra cientificamente - pela comprovação da tese - e nos deixa muito, muito irritados quando vemos o efeito societário.

A democracia liberal é um pato manco de pernas curtas e tortas, e o Brasil vem entrando na escalada de golpes brancos e institucionais na tarde-noite de domingo 17 de abril, ao vivo e a cores, com sensação de espetáculo midiático. Em 15 dias vai começar um rolo compressor contra nossos direitos constitucionais, direitos estes que a ex-esquerda negociou tudo o que deu, mas que agora vão ser atacados sem pudor pelos oligarcas de sempre, pela direita de sempre e por toda esta falsa maioria que garantiu a tal da governabilidade enquanto o jogo foi do Ganha-Ganha.

Agora que veio o Perde-Ganha, a Fiesp vai passar a fatura para a massa na forma de bancar a aventura do golpe paraguaio versão coxinha. Eu insisto que o que está em jogo não é sequer um governo reformista e simplesmente uma troca de elite dirigente através de uma maquiagem legal para poder, aí sim, romper com o pacto de classes e retirar direitos coletivos através do pacote de 55 leis regressivas agora no Congresso e andando rápido.

Estou bem tranquilo na consciência, mas como analista, não deixa de ser apavorante ver o nível de sinceridade política, quando abunda a traição e a máscara de legalidade no momento. No caso da defesa dos direitos coletivos, a única garantia de impor bandeiras e pautas coletivas, é unificar as lutas possíveis e cerrar fileiras contra a restauração neoliberal que vem por aí. Já está vindo a onda regressiva e restauradora, é verdade, e assim o governo Dilma em seu segundo mandato perdera boa parte de sua abalada legitimidade; a diferença é que agora virá a um passo muito acelerado, marchando em nome do pato da Fiesp com passo de ganso e a versão pós-moderna de uma mescla de neoliberalismo com fascismo cibernético, como os de Olavo de Carvalho, Marco Feliciano e Jair Bolsonaro.

O PT e o PC do B são responsáveis, pelo nosso fundamento de uma crítica à esquerda, por tudo o que está ocorrendo. Não há como governar pela e com a direita sem terminar chantageado pelas direitas econômicas, ideológicas e políticas. Governar junto da Arena, da UDR, da Força Sindical, da CNI, da CNA, da CNT, entregar as finanças nacionais para a Febraban e outras esferas de poder econômico e ideológico, isso sem falar nos permanentes agrados e relações de proximidade com os barões da mídia, a começar pela própria Globo e a família Marinho, não poderia dar em outra coisa.

Cabe também a esperança de que esta farsa de golpe com nome de impeachment enterre de vez, ao menos no que resta de esquerda política e esquerda social neste país, a farsa da democracia liberal e indireta. Também cabe desejar que a mesma farsa nos faça compreender, de uma vez por todas, que na América Latina, a democracia de procedimentos é a trégua com as elites burguesas e pós-coloniais e não a Paz Social, como é o pensamento do pelego e o amansador do povo.

Que a ópera bufa de hoje sirva de lição histórica e retroalimente de força e vontade de lutar aos militantes ainda sinceros de toda a Esquerda, que entenda de uma vez por todas que fora do Poder do Povo na forma de Democracia Direta tudo é ilusão e assim sendo, que todos os projetos políticos e reivindicativos acumulem para esta meta de longo prazo. Do contrário, o que hoje é o PT e o PC do B, amanhã será o PSOL e os demais partidos eleitorais, a próxima geração de 20 anos a ser auto-enganada pelas instituições do inimigo de classe a carregar de energia a roda do moinho dos outros.

Entendo a frustração dos milhares de militantes ainda sinceros que se dizem de esquerda embora estejam perfilados na ex-esquerda ou mesmo na centro-esquerda. O problema da frustração é apostar no caminho equivocado. Na me domingo o caminho apropriado foi ensaiado, quando na manhã de 17 de abril a Furacão 2000 no Rio de Janeiro ameaçou com o Morro Descer; mas chegou tarde, deveria ter ameaçado desde 1o de janeiro de 2003 e assim garantir o que restava de esquerda ainda neste governo de centro-direita.

Apontando conclusões e um tortuoso, mas verdadeiro caminho

Para concluir, o pacto de classes está rompido, e sei que nunca assinamos tal pacto. Há de se lembrar que todo pacto político é transitório, e assim sendo, o pacto sem espada afiada não passa de perigosa conversa fiada. Que tracemos alianças entre as bases à esquerda e deixe que a direita e seus aliados façam a parte deles. Nos conchavos e alianças de ocasião o pelego e o traidor crescem, já na luta popular, a esquerda combativa e classista amplia sua força. Resta escolher o caminho de longo prazo e dizer não para as ilusões transitórias.

O médio prazo é bastante sinistro e sim, é um golpe paraguaio versão coxinha, e não, não se trata de defender o governo que é indefensável, e sim afirmar que é uma fraude jurídico-político-midiática, para fazer a Operação Café Filho (Temer na Presidência), Operação Abafa (Cunha no STF e o fim da Lava Jato) e a agenda regressiva (a começar pelo PL 4330 e o PLS 131).

Tempos sombrios por um lado e tempos de luta por outro. A única democracia que resiste aos conchavos das elites é a democracia direta e mecanismos plebiscitários e de referendos. Porque fora do Poder do Povo tudo é uma perigosa ilusão.

Bruno Lima Rocha é professor de ciência política e de relações internacionais.

site: www.estrategiaeanalise.com.br
email: strategicanalysis@riseup.net
facebook: blimarocha@gmail.com

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06 de abril de 2016, Bruno Lima Rocha

"Não adianta o pensamento mágico de que o governo vai dar um giro à esquerda porque não vai. Ou a esquerda restante marca a pauta após derrotar o golpe ou veremos mais uma vez a agenda da legalidade atropelar a defesa dos interesses do povo. No dia seguinte, havendo golpe paraguaio, virá o rolo compressor do Congresso. Caso o governo sobreviva, as medidas anti-populares virão, mas a conta gotas, ainda na euforia da possível – mas hoje pouco provável – derrota do impeachment", constata Bruno Lima Rocha, professor de ciência política e de relações internacionais.

Eis o artigo.

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01 de abril de 2016, Bruno Lima Rocha

“O fantasma que protagoniza as ideias de fundo é a agenda da embaixada dos EUA, mais especificamente o acionar oficioso das trocas de regime, e, no caso latino-americano, na esteira da reação aos governos de centro-esquerda”, afirma o cientista político.

Em meio à crise que vem se arrastando, “se há alguma novidade” no cenário político brasileiro, “é a chegada de uma espécie de um Tea Party nacional, como expressão dos ultraliberais, através do Partido Novo e também do Partido Social Liberal (PSL, este bem pequeno)”, diz Bruno Lima Rocha à IHU On-Line, fazendo referência ao movimento norte-americano.

Segundo ele, a nova direita segue “ideias de tipo neoliberal, ultraliberal, neoconservadoras, passando como uma linha direta dos think tanks, dos centros de difusão, das fundações de apoio ao Tea Party”, e é “sucessora direta dos grupos neoliberais do Brasil, como o Estudantes pela Liberdade, o Instituto Mises Brasil, a juventude neoliberal vinculada ao Fórum da Liberdade e outras iniciativas difusoras do pensamento econômico neoclássico e da política neoliberal”.

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26 de março de 2016, Bruno Lima Rocha

O vazamento das gravações de Lula e cia. e o arranjo de forças intra-aparelho de Estado

Antes de lerem estas palavras, peço aos amig@s daqui que lembrem que quem escreve está à esquerda do governo, é crítico do mesmo e jamais militou em partido eleitoral e menos ainda assumiu cargo de confiança ou em comissão. Ou seja, não busquem ver governismo onde não há. Como trata-se de disputa de facções e projetos políticos e, estritamente, não estou vinculado a nenhum destes, fico bem à vontade para tecer os comentários.

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