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Demissões atingem trabalhadores da GM, Nokia e Pepsico

Por Jerry White
15 de fevereiro de 2012

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Uma semana depois da American Airlines anunciar um corte de 13 mil postos de trabalho nos EUA, uma nova rodada de demissões em massa está atingindo trabalhadores das indústrias automobilística, alimentícia e de telefonia ao redor do mundo.

Muitos dos cortes afetam trabalhadores na Europa, onde a crise econômica está sendo usada pelas corporações multinacionais para implementar ataques planejados há tempos contra os padrões de vida e segurança de trabalho dos trabalhadores.

De acordo com o Wall Street Journal, a General Motors, que deve anunciar um lucro de US$ 8 bilhões em 2011, está ameaçando fechar duas plantas nas suas divisões europeias Opel e Vauxhall. Três mil e cem trabalhadores operam a fábrica em Bochum, Alemanha, e outros 2.100 trabalham na planta de Ellesmere Port, próxima a Liverpool, Inglaterra.

A GM havia inicialmente planejado vender a Opel em 2009 mas em vez disso anunciou um plano para acabar com 8.300 empregos por toda a Europa, incluindo o fechamento da sua planta em Antuérpia, Bélgica. Tendo obtido cortes salariais e de benefícios históricos durante a reestruturação da indústria automobilística americana por Obama, a administração da GM está ansiosa para extrair concessões similares dos trabalhadores alemães e britânicos. O Wall Street Journal cita um executivo anônimo da GM que afirmou haver “frustração crescente contra a Opel e um sentimento de que os cortes de dois anos atrás não foram profundos o suficiente”. “Se a Opel vai ser arrumada, vai ser arrumada agora e os cortes serão profundos”.

O executivo disse ao jornal que a paciência da GM está se esgotando e revelou que, além da perda de US$ 580 milhões da GM europeia nos primeiros nove meses de 2011, as perdas do quarto trimestre foram “horrendas”.

O Journal informou que a GM está discutindo com o sindicato IG Metall a possibilidade de transferir mais de sua produção da Alemanha para a Coreia, de modo a compensar as perdas de postos de trabalho. Nos EUA, o United Auto Workers aceitou grandes concessões para pedir que a GM traga de volta parte da produção que foi transferida para a China e para o México, e desse modo parar a queda dos ganhos financeiros do aparato sindical.

“A nova equipe de administração tem uma relação produtiva com o sindicato e estamos ambos comprometidos a resolver juntos os desafios que confrontam a companhia”, disse o porta-voz da GM, Selim Bingol, se referindo ao IG Metall.

Como parte de seus planos para atacar os trabalhadores europeus, a GM está pondo em cena uma leva de executivos e burocratas sindicais com experiência em cortar os empregos e padrões de vida dos trabalhadores da GM nos EUA. Isso inclui o presidente do UAW Bob King, que foi elogiado por Wall Street ao aceitar acordos trabalhistas no ano passado que incluem o menor aumento nos custos da força de trabalho das últimas quatro décadas.

De acordo com o Journal, o executivo-chefe da GM Dan Akerson despachou quatro executivos-sênior para servirem como comitê de supervisão da Opel: o vice-presidente Steve Girsky (que tem laços estreitos com o UAW), o chefe financeiro Dan Ammann, o chefe de produtos Mary Barra e o chefe de operações internacionais Tim Lee.

“De acordo com pessoas familiares com o processo, o presidente do United Auto Workers Bob King mediará as conversas se, como esperado, ele se juntar à comissão supervisora da Opel”, o Journal escreve. “O Sr. King tem procurado se tornar mais influente na cena trabalhista global. Ele fez várias viagens para o exterior e teve conversas públicas sobre a importância de trabalhar com outros sindicatos globalmente.”

As vendas de carros na Europa caíram 15% em 2011, para 12,8 milhões de veículos, em comparação a 2007, sendo que os analistas esperam que as vendas no oeste europeu caiam mais 5,9% em 2012, para 12,05 milhões de carros e caminhões. Com o auxílio dos sindicatos, as companhias automobilísticas procuram trazer o modelo americano à Europa: maximização dos lucros por veículo – através de enormes cortes nos custos trabalhistas – para gerar altos lucros mesmo em um mercado em contração.

A fabricante japonesa Mitsubishi, lembrando a demanda em queda, anunciou no começo desta semana o fechamento de sua única fábrica na Europa. A companhia disse que encerraria a produção do carro compacto Colt e do utilitário esportivo Outlander em sua fábrica na cidade de Born, Holanda, até o final de 2012.

Começando em 1991, como uma joint-venture tripla entre a Mitsubishi, Volvo e o governo holandês, a companhia baseada em Tóquio assumiu controle total da companhia holandesa Car BV, ou NedCar, em 2001, depois de comprar 50% das ações da Volvo Carros. “Devido ao ambiente de operação altamente instável que os fabricantes de automóveis atualmente enfrentam”, a companhia disse que não pôde chegar a uma solução que permitisse continuar usando a planta. De acordo coma BBC, a Mitsubishi deve vender a fábrica por um euro “se cerca de 1.500 funcionários da fábrica continuarem na folha de pagamento”.

Cerca de mil trabalhadores bloquearam as entradas da planta nesta semana, e segundo relatos o sindicato chamou uma greve contra o fechamento para hoje. Os trabalhadores decidiram assumir a greve para mostrar que não estão preparados para aceitar a decisão “como cordeiros esperando pelo abate”, o canal holandês Nos informou. O canal complementou, porém, dizendo que os sindicatos estão procurando um comprador adequado para a planta.

Para além dos cortes de empregos na indústria automobilística, a fabricante de celulares finlandesa Nokia anunciou no começo desta semana que cortaria 4 mil postos de trabalho nas suas fábricas na Hungria, México e Finlândia, conforme encerra operações de produção na Europa e se muda para a Ásia. As demissões, que serão completadas ao final do ano, são parte de mais de 7 mil demissões globais anunciadas pela gigante dos celulares no mês passado.

“Eles só nos disseram que demitirão uma mistura de pessoas, de todos os departamentos”, disse à Reuters Veronika Szalai, uma trabalhadora de 27 anos na Nokia de Komarom, Hungria, perto do rio Danúbio. “É claro que isso aflige a todos. Neste mundo é difícil viver com dignidade. Vamos permanecer o máximo que pudermos, e então talvez pegaremos nossos cheques de desligamento... e então não sei o que vai acontecer.”

Mais de metade do corte de 4 mil empregos afetará a Hungria. O impacto também atingirá a vizinha Eslováquia. No ano passado a Nokia fechou uma planta na Romênia.

A PepsiCo, maior conglomerado alimentício do mundo, complementa o banho de sangue ao anunciar 8.700 demissões ao redor do mundo na semana passada. A companhia é altamente lucrativa mas afirma que o corte de custos – US$ 1,5 bilhões até 2014 além do corte de US$ 1,5 bilhões anteriormente anunciado – é devido ao custo mais alto das commodities.

A miséria imposta sobre os seus trabalhadores, que se espalha por 30 países, não será compartilhada pelos seus maiores executivos, entre eles Massimo d’Amore, o ex-presidente do Grupod de Bebidas PepsiCo que está prestes a se aposentar. De acordo com o relatório SEC da empresa, seu acordo de aposentadoria afirma que d’Amore “receberá da companhia 26 pagamentos bissemanais no valor de US$79.400 cada”.

Além da sua renda líquida de US$ 2 milhões, a PepsiCo anteriormente divulgou que d’Amore havia acumulado US$3,4 milhões em benefícios e ações.

(Traduzido por movimentonn.org)