Quis o destino que a estocada final no PT possa ser desferida por duas mulheres, duas ex-petistas, a partir desta semana conturbada em que a cena da labareda no helicóptero da presidente
Dilma Roussef seja talvez a imagem mais ilustrativa do momento de fritura e completo isolamento deste ex-governo que se desmancha no ar.
A oficialização da Rede Sustentabilidade, de
Marina Silva, que já pesca de arrastão uma série de petistas e outros políticos descontentes em seus partidos, e a festança do poder em torno de
Marta Suplicy, na sua chegada de fato ao
PMDB, dão o tom do fim agonizante que o PT deve enfrentar.
Enquanto
Marta reunia o presidente em exercício da
República,
Michel Temer, o presidente do
Senado,
Renan Calheiros, o presidente da
Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, além de ministros, governadores, prefeitos e parlamentares de diversos partidos (sobretudo governistas prontos para desembarcar), o PT via fracassar mais uma tentativa de "defender" a presidente
Dilma enquanto "ataca" a sua política econômica, num ato de esquizofrenia partidária e autismo político sem precedentes.
Quem duvidava da força de
Marina e de Marta pode tirar o cavalinho da chuva. As duas provam desde já que terão papel determinante nas eleições de 2016 e 2018. A Rede Sustentabilidade apresenta seu potencial para resgatar parte do idealismo perdido na política, enquanto o PMDB se coloca a postos com o pragmatismo das suas principais lideranças para assumir o país no pós-PT.
"A gente quer um
Brasil livre da corrupção, livre das mentiras, livre daqueles que usam a política como meio de obter vantagens pessoais. Afinal, estou no PMDB do
Doutor Ulysses, que democratizou o país. E no PMDB do doutor
Michel, que vai reunificar o país", afirmou Marta Suplicy.
A senadora disse que decidiu ingressar no PMDB após uma conversa com Michel Temer, a quem ela chamou de "líder conciliador".
Citou um por um dos presentes e também o ausente
José Sarney, um "gigante da política".
"O PMDB soube devolver a nós o que há de mais valioso na vida, a liberdade, o direito de ir e vir, de mudar de ideia.
Isso foi uma das coisas que eu mais gostei do PMDB. Eu senti que eu caibo por causa disso, é um partido amplo."
"Vocês sabem que tem algumas decisões na vida que são muito difíceis. Mas eu sempre tive como norma que diante de relações conflituosas sem a menor perspectiva de melhora, e que ferem os nossos princípios, o melhor caminho a se tomar, por mais doído que seja, é o do rompimento."
Ao rompimento de Marta com o PT, o presidente Michel Temer respondeu com um "abraço fraterno". A ex-petista afirmou seu discurso que Temer tem todas as qualidades que o momento exige: "Olhei nos olhos de Michel Temer e senti confiança. É um líder, um conciliador, um homem do diálogo, qualidades pessoais essenciais que este momento exige. Eu me sinto à vontade, segura, sob tua presidência.
Todos nós estamos com você, Michel."
"O PMDB é um grande partido e, a partir de hoje, com seu ingresso, ele ficou maior ainda. A sua filiação renova o partido. O PMDB vai fazer muito por você, mas eu tenho certeza de que você vai fazer muito mais por nós", afirmou Michel Temer, muito aplaudido. "
Todo mundo te recebe de braços abertos. E eu quero te dar um abraço fraternal. Nós professamos as mesmas ideias e professamos isso pelo Brasil."
O recado sobre o rompimento com o governo foi dado também pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha: "O PMDB tem de ter candidatos próprios em 2016 e 2018. Que o PMDB siga seu exemplo, Marta. Vamos largar o PT", afirmou durante evento no Tuca, o teatro da
PUC de
São Paulo.
"
Esse ato simbólico de filiação de Marta mostra o quanto o PMDB está buscando seu próprio caminho.
Time que não joga não tem torcida", destacou
Cunha.
Para bom entendedor, a sorte está lançada: Marta é candidatíssima à Prefeitura de São Paulo. Estiveram presentes, além de dirigentes do PMDB, também representantes do
PTB, PCdoB,
PSD,
PTC, PR e
PPS. Foi dada a largada para a corrida eleitoral. Assista a cobertura exclusiva que a TVFAP.net fez do ato deste sábado, 26 de setembro, no vídeo Meia hora na festa de filiação de Marta no PMDB, do #ProgramaDiferente.
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- published: 27 Sep 2015
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