Che Guevara encarnou, como ninguém, as utopias e os ideais sociais de várias gerações. O seu retrato é, ainda hoje, uma das imagens mais reproduzias em todo o mundo. No entanto, entre o mito e a realidade ... Quanto à realidade, segundo consta na sua própria biografia é que nunca terá colaborado com nenhum grupo de nacionalistas angolanos. A conclusão a que chegou passado pouco tempo era deprimente, nomeadamente que a “revolução estava absolutamente condenada ao fracasso devido às suas próprias fraquezas”. Quando Che chegou ao cenário de guerra, onde agia sob o pseudónimo de “Tatu”, a revolução já tinha terminado antes mesmo de ter começado. “Chegámos tarde demais”. Esta conclusão do argelino Ben Bella também era válida para Che Guevara e para os cerca de 100 cubanos que iam chegando aos poucos. A miserável tropa de freedom fighters africanos estava já a dissolver-se nesta altura. Desde o primeiro momento, Che foi “constantemente confrontado com uma realidade que saltava à vista: “falta de organização”, uma queixa que não parecia terminar e que, por fim, culminou com o diagnóstico: “O caos instalou-se novamente na base, mas agora com um entusiasmo quase selvagem”. “Os cubanos têm de fazer tudo sozinhos”. Esta dura acusação foi o início do fim do sonho africano. Houve consequências graves para o entusiasmo revolucionário irreflectido, visto que Che Guevara tinha entrado na aventura do Congo sem muita consideração pelas circunstâncias étnicas, culturais e políticas. “A nossa situação estava cada vez pior”, admitiu Che Guevara em finais de Setembro. Chegou a uma conclusão, na verdade, óbvia: “Não podemos libertar pelas nossas próprias mãos um país que não quer lutar. (…)”. “Esta é a história de um fracasso”. Foi um fracasso a todos os níveis: humano, político e também militar. Durante um “encontro de rebeldes (congoleses)” Não queriam que um branco lhes dissesse como deveriam desenvolver as lutas revolucionárias, um estrangeiro que visivelmente os irritava com a sua impertinência revolucionária. Preferiam o seu ritmo pachorrento. Che Guevara apercebeu-se rapidamente de que, para seu espanto, os militares com as patentes mais altas estavam todos os dias “terrivelmente embriagados” e nem sequer pensavam em ganhar terreno na luta de libertação. Aliás, não estavam sequer em condições de o fazer. Holden Roberto, numa entrevista em 1998, diz ter-se arrependido dessa sua decisão de rejeição a Che Guevara In an interview with Edward George in May 1998 in Luanda, Roberto said that Che sent him a letter, suggesting that he meet him. At that time Che was in Brazzaville, and visited an MPLA camp in Cabinda but was not impressed. Roberto answered the letter while he was in Kinshasa, replying to his request that they meet up, that he should go to meet him and that he wanted to help the FNLA. However, Roberto refused and told him that it was a war of national liberation and did not want foreigners involved. Roberto also said he would regret that decision.

• published: 23 Aug 2015
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