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Burocracia do sindicato quebra greve dos petroleiros franceses
Por Alex Lantier
3 de novembro de 2010
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Publicado originalmente em inglês em 30 de outubro
de 2010.
Na França, nos principais terminais de petróleo
e refinarias, trabalhadores petroleiros em greve votaram a favor
de retornar ao trabalho ontem, interrompendo uma greve contra
os cortes na aposentadoria feitos pelo presidente Nicolas Sarkozy
e seus planos de cortes e privatização parcial do
setor de petróleo.
A greve dos petroleiros era a arma mais poderosa dos trabalhadores
em uma série de protestos, incluindo greves e barricadas
nos colégios secundaristas, que surpreendeu o governo Sarkozy
ao longo das últimas duas semanas. Apesar da massiva oposição
contra os cortes na aposentadoria - 65% apoiaram futuras greves
nas últimas pesquisas, e um outro protesto de um dia foi
chamado para 06 de novembro - os cortes de pensão por Sarkozy
foram aprovados pelo parlamento na quarta-feira.
Os sindicatos estão pressionando os trabalhadores a
voltar ao trabalho depois de se recusar a defendê-los contra
a tropa de choque da polícia. Desde o início, eles
seguiram a política traiçoeira de apelar para Sarkozy
modificar os cortes, permitindo que as dificuldades financeiras,
a ausência de uma liderança firme e uma perspectiva
política para derrotar Sarkozy desgastassem os grevistas
e os forçassem a voltar ao trabalho sem nada para mostrar
em sua luta.
Cinco refinarias em greve (Gonfreville, Dunkerque, Grandpuits,
Feyzin e Donges) votaram para retornar ao trabalho a partir de
sexta-feira de manhã. Falando antes da votação,
o oficial do sindicato Confederação Geral do Trabalho
(CGT), Charles Foulard, disse: "Temos um sentimento de que
voltaremos ao trabalho. Isso é um fato."
A greve levou a uma enorme escassez de petróleo, e vai
demorar cerca de uma semana para que a produção
volte ao normal. A partir de ontem à noite, 22% dos postos
de combustível de gás da França ainda estavam
sem combustível, de acordo com o site zagaz.com.
Pascal Galeote, um líder da CGT nos portos de Marselha,
disse: "Nós estamos entrando em uma configuração
de voltar rapidamente ao trabalho". Ele observou que ainda
havia uma greve convocada pelos sindicatos e companhias portuárias
para este fim de semana. No entanto, ele acrescentou: "Vamos
ver como colocaremos isso em prática".
A declaração da CGT não deu detalhes sobre
as negociações ou se empregadores tinham feito alguma
concessão em questões de trabalho. Os grevistas
protestavam não só contra os cortes de aposentadoria,
mas também contra os planos de privatização
de 40% dos terminais de petróleo no porto. Isso faria com
que 220 agentes perdessem seu status no setor público.
A administração da General Marseille Maritime
Port (GPMM) não tinha dúvidas de que os sindicatos
iriam organizar um rápido retorno ao trabalho. Ontem, 80
navios estavam fora do porto de Marselha esperando serem descarregados,
incluindo dezenas de navios que estavam carregados com petróleo
bruto e produtos refinados. Um comunicado da GPMM afirmou que
os navios "serão capazes de descarregar progressivamente
a partir das 20 horas de hoje (sexta-feira). Carregando ou descarregando,
a carga seguirá."
Na Industrial Maritime Company of Le Havre, que abastece quatro
refinarias do norte da França, o representante da CGT,
Fabrice Modeste, anunciou a votação para voltar
ao trabalho. Ele acrescentou: "Estamos prontos para voltar
para nova greve se o movimento retornar".
Jean-Louis Schilansky, presidente do Sindicato das Indústrias
Francesas de Petróleo (UFIP), disse que as greves custariam
à indústria francesa de petróleo "centenas
de milhões de euros". Ele afirmou que isso representaria
um fardo "gigantesco" para a indústria.
Se os valores Schilansky estão corretos, de qualquer
forma, isso representaria dano relativamente menor para as empresas
de energia francesas. A companhia petrolífera Total fez
sozinha 2,47 bilhões de euros em lucros no trimestre anterior,
sobre a receita trimestral de 40.18 bilhões de euros.
Parece que a greve vai ser aproveitada para justificar um grande
ataque aos petroleiros. Duas refinarias, Dunkerque e Reichstett,
já são ameaçadas de fechamento.
Petroleiros entrevistados pela imprensa na refinaria de Feyzin
estavam irritados com o governo e com os sindicatos. Thierry disse
ao Le Monde: "Eu não apoiei o retorno ao trabalho.
Eu teria continuado a greve mais uma semana, até o dia
de ação, em 6 de novembro."
Paul, um técnico de 54 anos, disse que os trabalhadores
Feyzin "tiveram esperanças até o fim".
E acrescentou: "A aposentadoria é a libertação
para nós. Tenho respirado substâncias químicas
perigosas desde que eu tinha 18 anos. Além do que, subir
colunas de 60 metros de altura, é muito na minha idade.
Somos governados por pessoas que nunca tiveram que fazer o trabalho
que fazemos."
O delegado da CGT de Feyzin, Michel Lavastrou, disse que "não
foi fácil", quando ele defendeu o retorno ao trabalho.
Parafraseando o infame chamado do presidente do Partido Comunista,
Maurice Thorez, para o fim da greve geral francesa de 1936, "É
preciso saber como acabar com uma greve, uma vez que uma satisfação
foi recebida", ele declarou: "É preciso saber
como acabar com a greve, mas é mais fácil quando
a satisfação foi recebida. O regresso ao trabalho,
sob essas condições, não será glorioso."
David Faure, o representante sindical da Confederação
Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), no comitê
de gestão conjunta entre a empresa e o sindicato da refinaria,
alertou para uma crescente raiva entre os trabalhadores: "As
pessoas estão apenas esperando por um sinal dos sindicatos
para irem às ruas. O próximo passo será a
greve geral. E nesse ponto, a resposta dos trabalhadores será
violenta."
Cientes da crescente raiva das massas sobre os cortes, o governo
e os sindicatos estão trabalhando para neutralizar a oposição
popular. Sarkozy emitiu ontem um breve comunicado dizendo: "Muitas
preocupações, muitas vezes legítimas, têm
sido manifestadas". Ele disse que iria "refletir"
sobre como responder. É claro que os cortes de pensões
permanecerão, diminuindo o gasto social cerca de 18 bilhões
de euros por ano.
Foulard da CGT reivindicou que os sindicatos tinham "ganho
a batalha das idéias", explicando: "Os argumentos
dos sindicatos sobre a possibilidade de ter uma outra reforma
(...) foram ouvidos". Ele acrescentou: "Nós não
estávamos tão longe de nossa meta. Nós só
precisávamos de um pouco mais de setores de trabalho para
entrar na luta."
Essa afirmação exemplifica o cinismo dos dirigentes
da CGT. Os petroleiros não foram derrotados pela falta
de "outros setores de trabalho" da classe trabalhadora,
que, de maneira intensa, apoiaram as greves e se opuseram às
medidas de Sarkozy, mas pela burocracia sindical. Isto repeliu
a organização por uma luta política para
derrubar o governo, mesmo depois de Sarkozy ter enviado a tropa
de choque para atacar os petroleiros em greve.
A derrota da greve dos petroleiros é um alerta para
a classe trabalhadora e uma confirmação da análise
do World Socialist Web Site, que defendia que os trabalhadores
deviam organizar uma greve política para derrubar Sarkozy
e lutar por um governo dos trabalhadores. O WSWS consistentemente
advertiu sobre a traição dos sindicatos e defendeu
a formação de comitês de base para tirar a
luta das mãos dos burocratas sindicais.
Mesmo sob as condições políticas mais
favoráveis, onde os trabalhadores têm suporte de
massa e controlam um setor estratégico da economia, eles
não podem conseguir uma vitória através das
organizações existentes.
[traduzido por movimentonn.org]
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