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SEP apresenta petição para candidato ao senado americano em New York

Por um repórter
30 de agosto de 2006

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 24 de agosto de 2006.

No dia 22 de agosto, o Socialist Equality Party (SEP) apresentou petições para registrar seu candidato ao senado norte-americano, Bill Van Auken, nas eleições de New York. Van Auken concorre ao cargo em New York, nas eleições de novembro, com a Democrata pró-guerra Hillary Clinton.

As petições, assinadas por cerca de 25.000 nova-iorquinos, marcaram o lançamento de uma intensa campanha de seis semanas, que ganhou um imenso apoio em todo o estado. O final total de 24.319 assinaturas excedeu em quase 10.000 o mínimo legal no estado (15.000) exigido para registrar um partido independente nas eleições.

Além disso, o Estado exigiu que o SEP identificasse pelo menos 100 eleitores registrados que houvessem assinado a petição em pelo menos metade dos 29 distritos congressuais do estado. Nesse aspecto o partido também superou o mínimo necessário, conseguindo os nomes em 17 dos distritos alcançando de Buffalo a New York City.

Van Auken entregou uma pilha de 12 volumes aos oficiais da Comissão Eleitoral do Estado em Albany. A comissão fará a conferência das petições e em dois dias determinará se as exigências legais foram cumpridas. O partido de Clinton provavelmente contestará a petição—como tem feito em outros estados—há três dias do prazo final. Ter alcançado estes difíceis objetivos, considerando-se o estreito espaço de tempo imposto pela lei eleitoral do Estado, foi uma enorme vitória política do SEP.

“O sucesso de nossa campanha aqui em New York assinala uma mudança na situação política”, disse Van Auken. “Isso se expressa na imensa resposta da classe trabalhadora à nossa luta para ingressar nas eleições, baseados num programa socialista que defende o fim da guerra no Iraque, se coloca contra os ataques aos direitos democráticos e denuncia o aprofundamento da desigualdade social existente no país”.

“Mas igualmente importante é a campanha em si”, acrescentou ele, “uma grande quantidade de estudantes, trabalhadores e profissionais—muitos deles relativamente novos no partido—levaram a cabo um incansável trabalho político e realizaram grandes sacrifícios pessoais para preparar a enorme intervenção, sem os quais teria sido impossível alcançar as pesadas exigências eleitorais estabelecidas pelos legisladores republicanos e democratas de Albany. Essa determinação das pessoas em ir à luta é uma manifestação consciente das crescentes tensões sociais e de classe que surgem nos EUA”.

No decorrer da campanha, os militantes conversaram com milhares de nova-iorquinos, agitando a reivindicação do SEP por uma imediata e incondicional retirada de todas as tropas americanas do Iraque, assim como a necessidade de mobilização política independente da classe trabalhadora contra os partidos republicano e democrata.

A resposta, particularmente da classe trabalhadora das cidades vizinhas como New York e Buffalo, a oeste do estado de New York, era de intensa repulsa à guerra e aos dois partidos—democrata e republicano—que convenceram a população norte-americana sobre a necessidade da guerra com base em mentiras.

Pelo menos 125 soldados de New York morreram no Iraque desde o inicio da guerra, em 2003. No decorrer da campanha, uma mãe que perdeu seu filho no Iraque assinou a petição em Queens, uma vila de New York City, dizendo que “alguma coisa deve ser feita para que se interrompa essa guerra”. Na região sudeste de Manhattan, amigos de um soldado morto nesse mês, em Ramadi, assinaram a petição dizendo que ele havia ingressado na carreira militar a fim de ajudar sua família e reservar recursos para custear a faculdade. Eles lembraram que ele não queria ir para o Iraque.

Tanto os militares ativos quanto os inativos assinaram a petição de registro do SEP para concorrer às próximas eleições, assim como os familiares e amigos de soldados que atualmente estão no Iraque. Todos exigem o imediato fim da guerra. Entre eles estava uma mulher, em Buffalo, cujo filho era membro da 172ª Brigada de Ataque. Enquanto estavam embarcando nos aviões para retornar aos EUA, depois de passar um ano no Iraque, os membros das unidades foram informados de que haviam sido remanejados para passar pelo menos mais quatro meses em Bagdá.

Em diversas áreas, jovens assinaram a petição declarando que não tinham a intenção de alistarem-se no exército e que eram contrários à guerra. Alguns denunciaram a pressão que vem sendo realizada para recrutar os jovens nas escolas e nas casas.

A reação à guerra era invariavelmente associada ao ódio em relação à deterioração das condições de vida e das condições sociais da maioria da população. Durante o curso da campanha pelo abaixo-assinado, a cidade de New York foi atingida por um black-out, que deixou mais de 100.000 pessoas sem energia elétrica por mais de uma semana, no Queens. A interrupção ocorreu durante uma onda de calor que tirou a vida de pelo menos 36 moradores da cidade, a maior parte deles residentes do Brooklin, Queens e Bronx.

Os trabalhadores de Queens concordaram com a declaração feita pelo candidato do SEP, que associou o início da crise da eletricidade com a ânsia desenfreada pelo lucro da Electric Utility Con Edison, o que limita os investimentos na manutenção da infra-estrutura, sobretudo para as áreas onde reside a classe trabalhadora. A proposta do SEP é que todo o setor de energia seja colocado sob o controle público e utilizado em beneficio de todos.

Em diversas regiões de New York City, pessoas falaram de forma amarga sobre como a restrição do acesso à saúde tem elevação do custo de vida. Além disso, o custo da moradia tem aumentado muito, tornando impossível para muitos trabalhadores continuarem vivendo nos bairros onde nasceram e cresceram. Na região de Buffalo, os trabalhadores estavam revoltados devido aos drásticos cortes nos pagamentos e na eliminação de benefícios realizados pela empresa Delphi. A indústria de autopeças tem grande importância na região.

Em vários casos, principalmente em New York City, trabalhadores imigrantes eram impossibilitados de assinar a petição, mas expressaram sua concordância com o programa do SEP, com a proposta internacionalista do partido e sua oposição política à perseguição de imigrantes.

Enquanto o SEP avançava com sua campanha em todo o estado, Hillary Clinton solidificava seu apoio nas corporações e na direita. Ela repetiu que considera impossível a retirada das tropas americanas do Iraque. Ela não admite nem mesmo a possibilidade de estabelecer uma data para isso, reafirmando seu apoio incondicional à guerra criminosa de Israel contra o Líbano.

A campanha de Clinton é uma campanha baseada no apoio à guerra, angariando fundos num montante que se aproxima a $25 milhões, grande parte oriunda das grandes corporações defendidas por ela. Dentre as contribuições arrecadadas ao longo dos últimos meses está a do magnata da mídia de direita, Rupert Murdoch, dono da Fox News e do New York Post.

“Quando Hillary Clinton se mudou para New York, em 1999, a fim de concorrer ao senado americano, ela encenou a chamada ‘viagem da escuta’, arquitetada por seus marketeiros, para torná-la simpática aos eleitores, sem assumir qualquer política determinada”, disse Van Auken. “Cinco anos depois, está claro que Hillary Clinton é indiferente ao crescente ódio da classe trabalhadora de New York pela guerra no Iraque—uma guerra que ela aprovou e continua a apoiar—e pela grande lacuna que existe entre a pequena minoria (um por cento) da população—à qual ela faz parte—e as massas, que não conseguem viver dignamente”.

Ele acrescentou: “No transcorrer das últimas seis semanas, o SEP realizou um diálogo com os trabalhadores desse estado. Nós estamos utilizando a campanha eleitoral para agitar a posição do nosso partido, apoiada por 25.000 nova-iorquinos, e para desmascarar Clinton e os Democratas. A campanha é para nós um meio de preparar um poderoso e independente movimento socialista da classe trabalhadora de New York, do país e de todo o mundo”.