Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 24 de agosto de 2006.
No dia 22 de agosto, o Socialist Equality Party (SEP) apresentou
petições para registrar seu candidato ao senado
norte-americano, Bill Van Auken, nas eleições de
New York. Van Auken concorre ao cargo em New York, nas eleições
de novembro, com a Democrata pró-guerra Hillary Clinton.
As petições, assinadas por cerca de 25.000 nova-iorquinos,
marcaram o lançamento de uma intensa campanha de seis semanas,
que ganhou um imenso apoio em todo o estado. O final total de
24.319 assinaturas excedeu em quase 10.000 o mínimo legal
no estado (15.000) exigido para registrar um partido independente
nas eleições.
Além disso, o Estado exigiu que o SEP identificasse
pelo menos 100 eleitores registrados que houvessem assinado a
petição em pelo menos metade dos 29 distritos congressuais
do estado. Nesse aspecto o partido também superou o mínimo
necessário, conseguindo os nomes em 17 dos distritos alcançando
de Buffalo a New York City.
Van Auken entregou uma pilha de 12 volumes aos oficiais da
Comissão Eleitoral do Estado em Albany. A comissão
fará a conferência das petições e em
dois dias determinará se as exigências legais foram
cumpridas. O partido de Clinton provavelmente contestará
a petiçãocomo tem feito em outros estadoshá
três dias do prazo final. Ter alcançado estes difíceis
objetivos, considerando-se o estreito espaço de tempo imposto
pela lei eleitoral do Estado, foi uma enorme vitória política
do SEP.
O sucesso de nossa campanha aqui em New York assinala
uma mudança na situação política,
disse Van Auken. Isso se expressa na imensa resposta da
classe trabalhadora à nossa luta para ingressar nas eleições,
baseados num programa socialista que defende o fim da guerra no
Iraque, se coloca contra os ataques aos direitos democráticos
e denuncia o aprofundamento da desigualdade social existente no
país.
Mas igualmente importante é a campanha em si,
acrescentou ele, uma grande quantidade de estudantes, trabalhadores
e profissionaismuitos deles relativamente novos no partidolevaram
a cabo um incansável trabalho político e realizaram
grandes sacrifícios pessoais para preparar a enorme intervenção,
sem os quais teria sido impossível alcançar as pesadas
exigências eleitorais estabelecidas pelos legisladores republicanos
e democratas de Albany. Essa determinação das pessoas
em ir à luta é uma manifestação consciente
das crescentes tensões sociais e de classe que surgem nos
EUA.
No decorrer da campanha, os militantes conversaram com milhares
de nova-iorquinos, agitando a reivindicação do SEP
por uma imediata e incondicional retirada de todas as tropas americanas
do Iraque, assim como a necessidade de mobilização
política independente da classe trabalhadora contra os
partidos republicano e democrata.
A resposta, particularmente da classe trabalhadora das cidades
vizinhas como New York e Buffalo, a oeste do estado de New York,
era de intensa repulsa à guerra e aos dois partidosdemocrata
e republicanoque convenceram a população norte-americana
sobre a necessidade da guerra com base em mentiras.
Pelo menos 125 soldados de New York morreram no Iraque desde
o inicio da guerra, em 2003. No decorrer da campanha, uma mãe
que perdeu seu filho no Iraque assinou a petição
em Queens, uma vila de New York City, dizendo que alguma
coisa deve ser feita para que se interrompa essa guerra.
Na região sudeste de Manhattan, amigos de um soldado morto
nesse mês, em Ramadi, assinaram a petição
dizendo que ele havia ingressado na carreira militar a fim de
ajudar sua família e reservar recursos para custear a faculdade.
Eles lembraram que ele não queria ir para o Iraque.
Tanto os militares ativos quanto os inativos assinaram a petição
de registro do SEP para concorrer às próximas eleições,
assim como os familiares e amigos de soldados que atualmente estão
no Iraque. Todos exigem o imediato fim da guerra. Entre eles estava
uma mulher, em Buffalo, cujo filho era membro da 172ª Brigada
de Ataque. Enquanto estavam embarcando nos aviões para
retornar aos EUA, depois de passar um ano no Iraque, os membros
das unidades foram informados de que haviam sido remanejados para
passar pelo menos mais quatro meses em Bagdá.
Em diversas áreas, jovens assinaram a petição
declarando que não tinham a intenção de alistarem-se
no exército e que eram contrários à guerra.
Alguns denunciaram a pressão que vem sendo realizada para
recrutar os jovens nas escolas e nas casas.
A reação à guerra era invariavelmente
associada ao ódio em relação à deterioração
das condições de vida e das condições
sociais da maioria da população. Durante o curso
da campanha pelo abaixo-assinado, a cidade de New York foi atingida
por um black-out, que deixou mais de 100.000 pessoas sem energia
elétrica por mais de uma semana, no Queens. A interrupção
ocorreu durante uma onda de calor que tirou a vida de pelo menos
36 moradores da cidade, a maior parte deles residentes do Brooklin,
Queens e Bronx.
Os trabalhadores de Queens concordaram com a declaração
feita pelo candidato do SEP, que associou o início da crise
da eletricidade com a ânsia desenfreada pelo lucro da Electric
Utility Con Edison, o que limita os investimentos na manutenção
da infra-estrutura, sobretudo para as áreas onde reside
a classe trabalhadora. A proposta do SEP é que todo o setor
de energia seja colocado sob o controle público e utilizado
em beneficio de todos.
Em diversas regiões de New York City, pessoas falaram
de forma amarga sobre como a restrição do acesso
à saúde tem elevação do custo de vida.
Além disso, o custo da moradia tem aumentado muito, tornando
impossível para muitos trabalhadores continuarem vivendo
nos bairros onde nasceram e cresceram. Na região de Buffalo,
os trabalhadores estavam revoltados devido aos drásticos
cortes nos pagamentos e na eliminação de benefícios
realizados pela empresa Delphi. A indústria de autopeças
tem grande importância na região.
Em vários casos, principalmente em New York City, trabalhadores
imigrantes eram impossibilitados de assinar a petição,
mas expressaram sua concordância com o programa do SEP,
com a proposta internacionalista do partido e sua oposição
política à perseguição de imigrantes.
Enquanto o SEP avançava com sua campanha em todo o estado,
Hillary Clinton solidificava seu apoio nas corporações
e na direita. Ela repetiu que considera impossível a retirada
das tropas americanas do Iraque. Ela não admite nem mesmo
a possibilidade de estabelecer uma data para isso, reafirmando
seu apoio incondicional à guerra criminosa de Israel contra
o Líbano.
A campanha de Clinton é uma campanha baseada no apoio
à guerra, angariando fundos num montante que se aproxima
a $25 milhões, grande parte oriunda das grandes corporações
defendidas por ela. Dentre as contribuições arrecadadas
ao longo dos últimos meses está a do magnata da
mídia de direita, Rupert Murdoch, dono da Fox News e do
New York Post.
Quando Hillary Clinton se mudou para New York, em 1999,
a fim de concorrer ao senado americano, ela encenou a chamada
viagem da escuta, arquitetada por seus marketeiros,
para torná-la simpática aos eleitores, sem assumir
qualquer política determinada, disse Van Auken. Cinco
anos depois, está claro que Hillary Clinton é indiferente
ao crescente ódio da classe trabalhadora de New York pela
guerra no Iraqueuma guerra que ela aprovou e continua a
apoiare pela grande lacuna que existe entre a pequena minoria
(um por cento) da populaçãoà qual ela
faz partee as massas, que não conseguem viver dignamente.
Ele acrescentou: No transcorrer das últimas seis
semanas, o SEP realizou um diálogo com os trabalhadores
desse estado. Nós estamos utilizando a campanha eleitoral
para agitar a posição do nosso partido, apoiada
por 25.000 nova-iorquinos, e para desmascarar Clinton e os Democratas.
A campanha é para nós um meio de preparar um poderoso
e independente movimento socialista da classe trabalhadora de
New York, do país e de todo o mundo.