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General defende que Brasil tenha bomba atômica

Por Bill Van Auken
20 de noviembre de 2007

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Brasil deve desenvolver a capacidade tecnológica para fabricar armas nucleares, um dos principais generais do país declarou em uma entrevista televisiva na semana passada.

A observação foi proferida no contexto da direção pelo Partido dos Trabalhadores governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um aumento das despesas militares, em um esforço para reconstruir as forças armadas do país, que têm sido seriamente desacreditada desde a fim da ditadura militar mais de duas décadas atrás.

“Nós temos de ter no Brasil a possibilidade futura de, se o Estado assim entender, desenvolver um artefato nuclear. Não podemos ficar alheios à realidade do mundo,” disse Gen. José Benedito de Barros Moreira, um dos poucos generais de quatro estrelas do Brasil e um ex-chefe da Escola Superior de Guerra (faculdade que forma os oficiais do Exército). Barros Moreira, que é, actualmente, um alto funcionário do Ministério da Defesa do Brasil, responsável pela formulação da estratégia militar do país, compara a arma como “cadeado” necessário à salvaguarda dos recursos do Brasil.

O surpreendente comentário veio em um mesa redonda num debate do programa Expressao Nacional na noite terça-feira transmitido pela TV Câmara, a rede gerenciada pelo Congresso do Brasil. O general apareceu junto com dois deputados, José Genoino do Partido dos Trabalhadores e Raul Jungmann do Partido Popular Socialista, bem como Antonio Jorge Ramalho da Rocha, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Nacional do Brasil.

“Tecnologicamente devemos estar preparados para produzir artefato nuclear”, disse o geral . Ele acrescentou: “Nenhuma nação pode se sentir segura se não desenvolver tecnologia que o capacite a se defender quando necessário.”

Barros Moreira disse que os recursos do Brasil tornaram-no um “alvo” para a agressão estrangeira. “O mundo carece de água, energia, alimentos e minerais”, disse ele. “O Brasil é rico em tudo isso. Por isso tudo nós temos que colocar um cadeado forte na nossa trance.”

Significativamente, os dois legisladores estiveram em grande parte de acordo com o general . Genoino, um guerrilheiro anti-governo sob a ditadura militar, foi guindado à presidência do Partido dos Trabalhadores (PT), e tornou-se uma das figuras centrais de um escândalo político que envolveu suborno e corrupção a qual levou o procurador-geral do país e declarar-lo um líder de uma organização criminosa.

Ele falou em termos das necessidades do brasil ter forças s armadas para sustentar “a projeção de poder no mundo e na região”

Jungmann, um ex - membro do Partido Comunista Brasileiro, estalinista, que tem enfrentado suas próprias acusações de desvio de fundos públicos, da época que ele serviu como ministro reforma agrária sob o governo do presidente Fernando Cardoso, falou sobre o Brasil se tornar um “global player” e da necessidade de atender à “viabilidade das nossas forças armadas”.

Ambos os legisladores lamentavam a negligência financeira das forças armadas , com Genoino raivosamente indignado contra os “salários de miseria” pagos aos generais e almirantes.

Nem eles, nem mais ninguém no programa, preocupou-se em mencionar que a redução das dotações para os militares brasileiros foi ligado ao esmagador repúdio popular a uma instituição responsável pelo assassínio, a tortura e a detenção de dezenas de milhares de brasileiros trabalhadores, camponeses, estudantes e políticos oposicionistas, incluindo alguns dos quais presumivelmente os dois deputados consideraram uma vez os seus camaradas.

O tema da mesa redonda da televisão está relacionado com a intenção do governo Lula de cumprir com o Ministério da Defesa, um pedido de 50 por cento de aumento em gastos em armas para o próximo ano, um aumento das suas dotações militares de nível atual de US $3,5 bilhões para mais de $5 Bilhões. Foi amplamente antecipado que o governo reviverá planos, que foram arquivado em 2002, para comprar novos caças injetores e para desenvolver um submarino nuclear.

Embora o Ministério da Defesa e do governo Lula ter negado oficialmente qualquer conexão, sobre a discussão da proposta de investimento militar no Brasil , a mídia direitista apontou sobre um suposto desafio colocado pelos vários milhões de dólares de armas compras feitas pelo governo venezuelano do presidente Hugo Chavez da Rússia, incluindo 100,000 fuzis Kalashnikov e aviões de guerra

Dois dias após as notáveis observações televisivas do general, o Ministro da Defesa Nelson Jobim falou em uma conferência militar no Rio de Janeiro, em apoio da construção de um submarino nuclear, alegando que um tal sistema de armas era necessária para defender recentemente descobertas petrolíferas no campo de Tupi, na bacia de Santos.

“No momento em que você tem uma grande riqueza nacional que se encontra na área do Atlântico, é evidente que temos que ter condições de protegê-la,” disse Jobim.

Os militares brasileiros haviam procurado o desenvolvimento de um submarino nuclear durante o período da ditadura, que dominou o país de 1964 a 1985. Durante o período em que ele surgiu como uma figura nacional por seu papel principal numa série de greves massivas dos metalúrgicos em desafio ao governo militar, Lula tinha denunciado o proposto programa submarino como um desvio de recursos que eram necessários para satisfazer as vastas necessidades sociais do país.

Agora, como presidente, surgiu como um campeão de realizações do velho sonho militar. No último mês de Julho, Lula anunciou a dotação de US $ 540 milhões para financiar o enriquecimento do programa nuclear da marinha, a primeira parcela do que se espera que seja mais de US $ 1,2 bilhão para a construção de um submarino nuclear.

“O Brasil pode dar-se ao luxo de ser um dos poucos países do mundos a dominar toda a tecnologia do ciclo de enriquecimento de urânio e, a partir daí, seremos muito mais valorizados enquanto nação, enquanto a potência que queremos ser,” declarou Lula durante uma visita ao Centro Tecnológico da Marinha (CTM) em julio.

No seu discurso da última quinta - feira, Jobim insistiu que o programa de enriquecimento do urânio do Brasil seria utilizado exclusivamente para o programa submarino e negou a idéia de que seria utilizada para a produção de uma arma nuclear. “Essas coisas são bobagem”, disse ele, sem qualquer referência à proposta feita pelo General Barros Moreira em expressar exatamente o ponto de vista oposto.

As vozes mais perspicazes na mídia brasileira, no entanto, tratam a opinião do general como algo mais do que um “bobagem.” O colunista político da Folha de São Paulo Jânio de Freitas, por exemplo, escreveu que, na sua intervenção, Barros Moreira “avançou, em objetividade e clareza, bem mais do que Jobim. Foi, a rigor, até o ponto final: falou na necessidade de que o Brasil domine todo o ciclo da energia nuclear, o que inclui, mais do que o submarino, artefatos de explosões nucleares.”

“Até onde o atendimento a esta alegada necessidade já progrediu, é quase um ministério, como é próprio de projetos militares,” continuou Freitas, que constatou que a marinha brasileira tinha há muito tempo montado pessoal qualificado e equipamentos nucleares para iniciar enriquecimento nuclear.

O colunista nota que o governo Lula tem se beneficiado da cumplicidade do governo de Bush em dissimular a amplitude e a natureza do seu programa nuclear. Washington, relata ele, “conseguiu que a Agência Internacional da Energia Atómica se fingisse satisfeita com explicações verbais, ao ser barrada quando tentou inspecionar as características e, consequentemente, possível deduzir os objetivosdos brasileiros instalações para enriquecimento de urânio.”

Ele observou que a atitude dos E.U. para com desenvolvimentos nucleares no Brasil é justamente o contrário do que a tomada em direção a evolução semelhante no Irã, onde o Governo tem se submetido a extensas inspeções.

Não há dúvida de que Washington tem se inclinado fortemente para Brasília, promovendo o governo Lula como um contrapeso à influência exercida pelo nacionalismo de esquerda da Venezuela de Chavez no continente. Lula tem incentivado este alinhamento, tanto com o envio dos militares brasileiros para missão de “paz” no Haiti - dessa forma, liberando os fuzileiros dos EUA para a ocupação do Iraque - quanto no recente tratado do etanol com Bush.

Em conclusão, Freitas escreveu: “A motivacão da mudança que se introduz no Brasil é obscura, mas a dimensão de seus efeitos, internos e externos, já se sabe que só pode ser grande e grave.”

Brasil não está refroçando seu potencial militar - e potencialmente as armas nucleares - por causa de uma ameaça de Venezuela. A política de demonização de Chavez e suas compras de armas recentes apenas têm sido empregadas pelos militares brasileiros e seus aliados politicos como um pretexto útil para promover rearmamento.

A única personalidade política mais identificada com apoiar uma bomba brasileira - o recentemente falecido diputado da direita nacionalista e ex-candidato a presidente do Brasil pelo Partido Para a Reconstrução da Ordem Nacional (PRONA) Enéas Carneiro - foi transformado em um objeto de ridículo público com essa proposta.

O cenário internacional é caracterizada cada vez mais pelos conflitos abertos e acentuados entre os Estados-nações capitalistas rivais sobre o controle dos recursos e dos mercados.. Este processo tem encontrado a sua expressão mais aguda na erupção do militarismo americano, como Washington pretende explorar a sua superioridade militar para compensar o seu relativo declínio econômico, lançando duas guerras de agressão para o controle de- regiões ricas em energia, no decurso dos últimos sete anos .

As advertências do General Moreira Barros sobre o Brasil se tornar um “alvo” para os potenciais guerras por causa da cada vez mais escassas fontes de energia, água e alimentos refletem a realidade emergente de um novo período de conflagração mundial. Ao mesmo tempo, os círculos de decisão das elites brasileiras tem o seu próprio interesses regionais e globais de aumento lucro, e estao dispostos a utilizar a força militar para mais deles.

Embora, sem dúvida, o Governo do Partido dos Trabalhadores irá promover o militarismo e reavivar um programa nuclear com a política do nacionalismo, estes acontecimentos representam uma ameaça grave para a classe trabalhadora brasileira. Como resultado, ela vai enfrentar crescentes ataques às suas condições de vida, aumentando o poder dos militares que deixaram seu governo ditatorial no país há país pouco mais de duas décadas atrás, e a perspectiva de serem arrastados para uma catastrófica guerra mundial.