domingo, 14 de junho de 2009

Adeus, Chuza

Nada disto é novo, e há muito tempo que o penso. Tento evitar criticar as cousas que fazem outros, menos ainda se não considero ter uma opinião construtiva. Porém, neste caso apetecia-me fazê-lo.

Venho seguindo Chuza desde os seus inícios, nos primeiros meses de 2006. Já por aquela época pensava que a comunidade blogueira galega estava bastante bem e havia conteúdos mui interessantes. Tinha a sensação de que havia muita gente com talento e cousas que dizer, e com as novas possibilidades que oferecia Internet, tinha fé em que ia sair algo grande.

Chuza era um projecto prometedor, porque era dos primeiros meios de comunicação orientados a público galego-falante onde eram os próprios usuários os que decidiam os conteúdos de forma aberta e participativa.

Encantam-me os modelos participativos, e a verdade é que me fazia ilusão pensar num sítio para galegos com conteúdos para galegos, mas de propósito geral: de língua e de política (local e de fora), mas também de tecnologia, cinema, ciência, sexo, literatura ..., um sítio orientado a todos os públicos onde o galego não fosse nada mais (e nada menos) que a língua de uso, pois isso é o que eu considero utilizar uma língua com normalidade.

E inicialmente foi. Eu participei modestamente enviando notícias e comentários, especialmente durante o seu primeiro ano de vida, ainda que os que realmente merecem o reconhecimento por levarem o sítio adiante foram outros. Em Chuza topei com gente caralhuda e com algumas das que considero as mentes mais brilhantes da rede galega.

Meses mais tarde, e por motivos vários, fui perdendo o contacto. Deixei de participar regularmente, ainda que sempre continuei a ler com ilusão através do meu leitor de RSS. Também fui observando como os membros iniciais foram abandonando o barco, relevados por uma nova geração de usuários.

Agora, anos mais tarde, ver a evolução de Chuza, ir à web e ver as 4 ou 5 últimas páginas de notícias (fazede a prova), é algo que me dá bastante pena. O que é Chuza agora já foi resumido acertadamente por Alema uns meses atrás, polo que tentarei não repeti-lo aqui.

Por suposto, eu já não participo em Chuza e não sou quem de dizer aos seus usuários o que devem fazer e que notícias publicar. Chuza sempre foi o que os seus usuários decidiram, e os que não participamos devemos respeitá-lo.

Porém, isso não é motivo para ocultar a minha decepção. Salvo umas poucas ilustres excepções, o que eu considerava um veículo de expressão plural e para gente com ilusão converteu-se num sítio fechado onde vejo monotonia, auto-complacência e uma incrível falta de sentido crítico (especialmente auto-crítico), terrível quando penso que é a gente nova à que eu lhe supunha esta capacidade, a diferença da mediocridade que vejo em tantas outras partes do país.

De ser um sítio onde me parecia que se podia falar de qualquer cousa com normalidade, a ser um sítio que transmite a mensagem de que o galego só serve para falar do galego. A língua que falamos 200 (ou 3, tanto tem) milhões de habitantes que só se usa para falar das mesmas 4 cousas, quase sempre limitadas a este pequeno espaço geográfico que nos viu nascer. Se isto é para o que serve o galego na rede, a mim não me interessa.

Se eu, que ideologicamente considero que sou bastante mais afim à "linha editorial" actual de Chuza que a maior parte da gente deste país, já não tenho praticamente nenhum interesse em ler o que sai nas suas páginas, não quero nem imaginar o que pensa o cidadão galego médio. Penso, como dizia Alema, que se converteu numa comunidade fechada e que projecta uma imagem péssima a qualquer um que tenha curiosidade por ver o que se está a fazer na rede galega.

Repito, é a gente que participa a que decide como tem que ser Chuza. Não me estou a queixar por estar em minoria, posto que eu já não me considero usuário. Só estou triste porque as minhas expectativas de que Chuza ia ser um magnífico exemplo do que os internautas galegos podiam dar de si (por como era o sítio, pola gente que o fixo possível, polo que prometia) foram-se para o caralho.

Adeus, Chuza

quarta-feira, 10 de junho de 2009

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sobre o "gallego" no dicionário da RAE

Leio em Chuza que se montou uma página para protestar contra a definição de "gallego" que vem no dicionário da Real Academia Española.

Nos comentários da notícia em Chuza já falei do que pensava sobre o tema, mas aproveito que tinha o blogue algo abandonado para explicá-lo de forma um pouco mais estruturada.

Começo polas partes relevantes da definição, copiadas do dicionário da RAE:

4. adj. Ant., Arg., Col. y Ur. Dicho de una persona: Nacida en España o de ascendencia española. U. t. c. s.

5. adj. C. Rica. tonto (‖ falto de entendimiento o razón).

6. adj. El Salv. tartamudo.

7. m. Lengua de los gallegos.


Estes são os motivos polos que protestam. Comento cada um deles por separado:


[...] en el diccionario de la Rae, se define directamente “gallego” como “tonto” y “tartamudo” sin explicar que estos insultos se dirigen a toda la comunidad española [...]


Desconheço o uso exacto que se lhe dá a "gallego" em Costa Rica, mas no dicionário não diz que se tenha que dirigir a galegos, espanhóis nem australianos. Segundo o dicionário, é simplesmente um sinónimo de "tonto", igual que em espanhol "hacerse el sueco" (segundo a RAE, "Desentenderse de algo, fingir que no se entiende") usa-se com todo o mundo, não só com os suecos.


Hay que nombrar también que en bastantes lugares de América Latina, el término “gachupín” o “cachupín” es un vocablo muy despectivo, incluso mucho más que “gallego” para referirse a los españoles, sin embargo, la RAE en vez de incluirlo en la misma entrada de “español”, lo introduce en una nueva entrada como si no tuviese nada que ver con español [...] si los significados de “tonto” y “tartamudo” son definidos dentro del vocablo “gallego”, “gachupín” también debería ser explicado en el cuerpo “español” y no apartarlo en una entrada diferente.


A entrada de "cachupín" explica o significado da palavra "cachupín".

A entrada de "español" explica o significado da palavra "español".

"español" não tem o significado negativo que tem "cachupín", igual que "suramericano" não tem o significado negativo que tem "sudaca", por muito que "cachupín" se aplique aos espanhóis estabelecidos na América, e "sudaca" aos naturais da América do Sul.


Hay que señalar que según todo lo que acabamos de exponer, también se deberían incluir los términos de “bruto” para “Vasco” y “agarrado” o “tacaño” para “Catalán” puesto que son muy empleados en la lengua hablada y muy conocidos por todos en España.


Os vascos têm fama de brutos e os catalães de avaros. Mas o dicionário não está para explicar a fama que têm os povos do mundo, está para explicar o significado das palavras.

E a palavra "vasco" não se utiliza como adjectivo como sinónimo de bruto ("tu amigo es un vasco"). Talvez "catalán" se utilize às vezes como adjectivo, mas parece-me que é mui pouco frequente.


Haciendo referencia a la última acepción ["lengua de los gallegos"], nos parece muy incompleta, sobre todo si la comparamos, por ejemplo, con la de “Catalán”:

3. m. Lengua romance vernácula que se habla en Cataluña y en otros dominios de la antigua Corona de Aragón.


Talvez seja distinta da do catalão, mas não é mui distinta de "idioma finlandés", "lengua francesa", "lengua de los irlandeses", "lengua portuguesa", "lengua inglesa" ou "lengua rusa". Parece que o único que molesta é quando se compara com "las otras lenguas españolas".

Enfim, que se na Costa Rica se usa a palavra "gallego" como sinónimo de "tonto", pois usa-se e já está, igual que outras palavras e locuções têm significados pejorativos, como "gitano", "trabajo de chinos", "merienda de negros", "atracada a la holandesa", etc. etc. O dicionário não tem a culpa.

Com uma cousa estou de acordo, porém: parece-me chocante que "lengua de los gallegos" seja a sétima definição da palavra, por debaixo de outros significados regionais.

domingo, 24 de agosto de 2008

terça-feira, 6 de março de 2007

Tomorrow

All I wanted was your time.

All you ever gave me was tomorrow...


...and tomorrow never comes.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

sábado, 27 de janeiro de 2007