Luís de Barreiros Tavares - Pintura - Painting - “Nada” - "Nothing" - a Kasimir Malevich

• published: 13 Jun 2015
• views: 3

Fases da realização de “Nada” - 2015 http://escrita-fone.blogspot.pt/search?q=quadr%C3%A2ngulo Currículo: http://texturizacoes.blogspot.pt/ (Homenagem ao "Quadrângulo" de Malevich - 1915) Técnica mista (cal e água) e colagem acrílica sobre tela, 80cmx80cm (09/06/2015) Obra para a exposição "Arqueologias I" Fábrica de Braço de Prata - Lisboa Inauguração: 12/06/2015 Resumo de um texto mais vasto: Arqueologias I Sobre o quadrângulo e o quadrado. Acção de matéria pictural - Com variações. Pictorial matter action. About the square. «A arte não reproduz o visível, ela torna visível» Paul Klee Nota prévia: este texto de apresentação é o resumo, ou antes, um conjunto de extractos de um texto mais vasto que entretanto foi elaborado para eventual publicação. 1.O formato-suporte de todas as obras aqui expostas é o quadrado. Trata-se, em grande parte, de uma homenagem ao “Quadrado” de Kasimir Malevich (1878-1935), mais propriamente ao “Quadrado (Quadrângulo) negro sobre fundo branco” (“… o ícone do nosso tempo” segundo o artista). Obra capital da célebre exposição suprematista de 1915 (“0.10”) do pintor da vanguarda russa nascido na Ucrânia . Também a tela-suporte desta obra tinha forma quadrada. Não só abordamos nesta exposição o quadrado, a figura do quadrado, mas também o círculo, bem como outras figuras geométricas que despontaram o Suprematismo. Também outros pintores serão aqui abordados segundo diferentes questões. Assim, articulam-se nalguns trabalhos transitórios elementos com base num determinado material, sempre no suporte quadrado e explorando um ou outro elemento sígnico de um artista: Miró: formas aleatórias esboçando seres sígnicos a partir do trabalho dos materiais em causa; Klee: a seta na sua geometria e enquanto “vector”…; Joan Hernández Pijuan, a) o próprio utiliza espessura e densidade acrílica, b) os seus trabalhos são meditativos, componente que tentamos manter transversal ao conjunto da série; David de Almeida, artista que usa técnicas mistas e texturas, idem relativamente à dimensão meditativa; Tàpies com as suas geometrias de portas e marcas espaciais (a cruz), acontecendo o mesmo elemento meditativo; etc. 2. Mas, porquê o título da exposição: “Arqueologias I”? Se bem que em nosso entender o Suprematismo seja, no fundo, uma corrente inspiradora, abrindo um espaço plástico amplo na arte moderna e contemporânea, ele é ao mesmo tempo um trabalho arqueológico. Porquê um trabalho arqueológico? Ele indaga o espaço plástico (com a componente do tempo) com o trabalho sobre a superfície da tela enquanto suporte da génese potencial de um outro espaço de pensamento plásticos, quer dizer, como experiência artística. 3. Por essa razão, pelas “Arqueologias I” (primeira série agora exposta), também constará uma outra obra. Não fará parte da série na sua coerência a preto e branco. Todavia, ela encontra-se em articulação e estabelecendo pontes possíveis com os restantes trabalhos na sala Kandinsky. É igualmente uma pintura em formato de quatro lados iguais (um quadrado), cromaticamente diferente da série a preto e branco. Intitula-se “Imemorial”, tendo como subtítulo: "Falarão também os confins dos tempos do nosso tempo?" (técnica mista e colagem (pedra) sobre tela, 150cmx150cm, 2000). 4. Note-se, no entanto, que o estalado produzido nestes trabalhos não é o chamado craquelé. É importante assinalar este ponto, pois não se trata aqui de imitar este efeito pictórico, ao contrário do que muitos possam pensar como base destes trabalhos. É um estalado de matéria, mais profunda e espessa do que a tinta de pintura artística convencional. O craquelé é tinta estalada com o tempo, embora actualmente haja meios técnicos para o simular e produzir. 5. O quadrado é sem dúvida um tema-ponto de partida para o carácter abstracto desde o pré-histórico. Recordem-se os signos abstracto-geométricos em Lascaux. Enigmáticos signos… talvez tenham a ver com armadilhas, projecções de territorializações e desterritorializações, para empregar conceitos de Deleuze (vj. Gilles Deleuze e Félix Guattari em Mille Plateaux), uma vez que aquelas demarcações são moventes, consoante os movimentos das presas de caça (e também na contemplação dos animais no mundo; tema que não iremos tratar aqui). Signos também de apropriação mágica, de captura, estranhas grelhas, ou cercas, configurando formas quadrangulares (quadrados e rectângulos…). Site da Fábrica de Braço de Prata http://www.bracodeprata.com/