Iraque

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جمهوريّة العراق (árabe)
(Al-Jumhuriyah Al-Iraqiyah)
كۆماری عێراق (curdo)
(Komar-i ‘Êraq)

República do Iraque
Bandeira do Iraque
Brasão de armas do Iraque
Bandeira Brasão de armas
Hino nacional: Mawtini
Gentílico: Iraquiano(a)

Localização  Iraque

Localização do Iraque
Capital Bagdad (Bagdá)
33°20'N 44°26'E
Cidade mais populosa Bagdad
Língua oficial Árabe e curdo
Governo República parlamentarista
 - Presidente Fuad Masum
 - Primeiro-ministro Haider al-Abadi
Independência do Império Otomano e do Reino Unido 
 - do Império Otomano 1 de outubro de 1919 
 - do Reino Unido 3 de outubro de 1932 
Área  
 - Total 438 317 km² (58.º)
 - Água (%) 1.1
 Fronteira Arábia Saudita, Irã, Jordânia, Kuwait, Síria e Turquia.
População  
 - Estimativa de 2006 27 783 383 hab. (40.º)
 - Densidade 66 hab./km² (125.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 494,453 bilhões*[1]  
 - Per capita US$ 13 784[1]  
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 232,218 bilhões*[1]  
 - Per capita US$ 6 473[1]  
IDH (2013) 0,642 (120.º) – médio[2]
Moeda Dinar iraquiano (IQD)
Fuso horário AST (UTC+3)
 - Verão (DST) ADT (UTC+4)
Cód. ISO IRQ
Cód. Internet .iq
Cód. telef. +964

Mapa  Iraque

O Iraque (em árabe العراق, transl. al - Irāq, em curdo Îraq) é um país do Médio Oriente, limitado a norte pela Turquia, a leste pelo Irã, a sul pelo Golfo Pérsico, pelo Kuwait e pela Arábia Saudita e a oeste pela Jordânia e pela Síria. Sua capital é a cidade de Bagdá (Bagdad), no centro do país, às margens do rio Tigre.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome árabe العراق al-'Irāq tem estado em uso desde antes do século VI. Existem várias origens sugeridas para o nome. Uns datam para a cidade suméria de Uruque (hebraico bíblico Ereque) e é, portanto, em última instância, de origem suméria, como Uruque era o nome acadiano para a cidade suméria de Urug, contendo a palavra suméria para "cidade", UR. Uma etimologia popular árabe para o nome é "profundamente enraizada, bem regada; fértil". Durante o período medieval, havia uma região chamada 'Irāq'Arabi ("Iraque Árabe") para a Baixa Mesopotâmia e'Irāq'ajamī ("Iraque Estrangeiro"), para a região agora situada na Europa Central e Irã Ocidental. O termo incluía historicamente a planície ao sul das montanhas de Hamrin e não incluía as partes setentrionais e ocidentais do território moderno do Iraque. O termo Savad foi usado também no início da ocupação árabe da região da planície aluvial dos rios Tigre e Eufrates, contrastando-a com o deserto árabe árido. Como uma palavra árabe, عراق significa "bainha", "costa", "banco", ou "borda", para que o nome pela etimologia popular passou a ser interpretado como "a escarpa". No sul e no leste do Planalto Jazira, que forma a borda norte e oeste da área de "al-Iraq Arabi".[3]

História[editar | editar código-fonte]

Iraque sumério-acadiano[editar | editar código-fonte]

O território do atual Iraque foi o berço da civilização suméria (a civilização mais antiga do mundo) por volta de 4 000 a.C. No ano de 2 550 a.C., ocorreu a unificação da Suméria com a Acádia feita pelo patesi Sargão. Séculos mais tarde o Império de Sargão desmorona: ocorrem revoltas internas e os povos nômades vindos dos Montes Zagros (os povos gútios) conquistam o Império. No ano de 1 950 a.C. eles conquistam o Império definitivamente depois de diversos ataques dos elamitas e dos Amoritas. Tal motivo de tantos combates seria das terras férteis localizado do rio Nilo até os Planaltos Iranianos.

Iraque amorita, elamita, Mitani, egípcio e hitita[editar | editar código-fonte]

Os elamitas tomaram o extremo Norte do atual Iraque (do Império de Sargão), enquanto os amoritas que formavam o Império Paleobabilônico ocupavam o Centro-Sul. Os hurritas dominavam o norte iraquiano acabaram sendo conquistado pelos egípcios e pelos hititas. Os egípcios e os hititas que estavam dominando o antigo Império Mitani, acabaram sendo dominados pelos amoritas, e os amoritas acabaram sendo dominados pelos cassitas, reconquistando o império, logo o II Império Mitani acabou desmoronando nas mãos dos elamitas.

Iraque aquemênida, assírio e caldeu[editar | editar código-fonte]

A parte superior da estela do código de leis de Hamurabi.

Os amoritas que formaram o Primeiro Império Babilônico acabaram sendo conquistados pelos assírios por causa da morte do rei Hamurabi. Ciáxares, rei da Média, com aliança com o rei dos caldeus, invadiu Assur em 615 a.C. e, em 612 a.C., tomou Nínive, pondo fim ao estado assírio. Por causa da independência do Egito, ocorreram diversas manifestações na Fenícia e no Elam. Os persas se aproveitando disso,conquistaram os elamitas no ano de 539 a.C. durante a Dinastia Aquemênida persa. O II Império Babilônico formado pelos caldeus acabou sendo dominado também pelos Persas. Após a tentativa frustrada de Dario (Rei Persa) de conquistar a Grécia, o império aquemênida começou a declinar. Décadas de golpes, revoltas e assassinatos enfraqueceram o poder dos aquemênidas. Em 333 a.C., os persas já não tinham mais força para suportar a avalanche de ataques de Alexandre, o Grande, e em 330 a.C., o último rei Aquemênida, Dario III, foi assassinado por seu sátrapa Bessus, e o primeiro Império Persa caiu em mãos dos gregos e macedônios.

Iraque selêucida, arsácida e sassânida[editar | editar código-fonte]

O Império de Alexandre, o Grande.

O Império Selêucida foi um estado político helenista que existiu após a morte de Alexandre III da Macedónia, cujos generais entraram em conflito pela divisão de seu império. A dinastia arsácida (ou Parta) foi o mais duradouro dos impérios do antigo Oriente Médio. Nômades partas, de origem iraniana, instalaram-se no Planalto Iraniano e estabeleceram um pequeno reino independente. Sob a liderança do Rei Mitrídates, o Grande (171-138 a.C.), o reino parta tornou-se dominante na região, submetendo a Média, a Mesopotâmia e a Assíria. O Império Parta ocupava todo o território do atual Irã, bem como os modernos Iraque, Azerbaijão, Armênia, Geórgia, o leste da Turquia, o leste da Síria, Turcomenistão, Afeganistão, Tajiquistão, Paquistão, Kuwait e a costa do Golfo Pérsico da Arábia Saudita, Bareine e Emirados Árabes Unidos. O império chegou ao fim em 224 d.C., quando o último rei parta foi derrotado por um de seus vassalos, Ardacher dos persas, da dinastia sassânida. As frequentes guerras com os romanos levaram à exaustão e à destruição do Império Sassânida. Com Constantinopla sitiada, o Imperador bizantino Heráclio flanqueou os persas pelo mar na Ásia Menor e atacou-os pela retaguarda, o que resultou numa derrota decisiva em 627 para os sassânidas na Mesopotâmia setentrional. Estes viram-se obrigados a abandonar todos os territórios conquistados e recuar, seguindo-se o caos interno e a guerra civil. Após 14 anos e sete reis diferentes, o Império Persa foi subjugado pelos árabes muçulmanos; com o assassinato, em 651 do último governante sassânida, Yezdegerd III, seu território foi absorvido pelo Califado.

Iraque omíada e abássida[editar | editar código-fonte]

O Império islâmico e os califados durante sua maior extensão.
  Sob o profeta Muhammad, 622-632
  Sob o Califado Patriarcal, 632-661
  Sob o Califado Umayyad, 661-750

Conquistada por persas e gregos, a Mesopotâmia se torna o centro de um vasto império árabe no século VII(primeira dinastia de califas do profeta Maomé: a Dinastia Omíada dos descendentes de Meca). Um século depois, a "Dinastia dos Abbas" decidiu mudar a capital de Damasco para o leste, e o califa Mansur construiu a nova capital, Bagdá, nas margens do rio Tigre. Durante três séculos, a cidade das "Mil e uma Noites" foi o centro de uma nova cultura.

Iraque na Idade Contemporânea[editar | editar código-fonte]

Rei Faiçal I do Iraque (1921-1933).
Muhammad Najib ar-Ruba'i, primeiro presidente do Iraque.

As fronteiras orientais do Império Otomano variaram muito ao longo de séculos de disputas com os Mongóis e outros povos da Ásia Central, posteriormente seguidas de disputas com o Império Russo, no século XIX.

Na região do moderno Iraque, forças inglesas haviam ajudado a organizar sublevações regionais contrárias ao domínio otomano durante toda a I Guerra Mundial. O Iraque moderno nasceu em 1919, quando o Império Otomano, foi desmembrado, depois da Primeira Guerra Mundial.

Em 1920 a Conferência de San Remo levou à imposição de um mandato da Liga das Nações para a Inglaterra administrar o Iraque, onde indicaram a britânica Gertrude como governadora daquela região.[4] [5] O Rei Faiçal I foi coroado pelos britânicos como chefe de Estado, embora tivesse um poder meramente simbólico perante o domínio inglês. Isto fez eclodir uma nova rebelião independentista. Para dominar o Iraque, as tropas britânicas realizaram uma verdadeira guerra colonial, utilizando-se de forças blindadas e bombardeios aéreos contra vilas e cidades iraquianas durante toda a década de 1920, que incluíram o uso de armas químicas como o gás mostarda lançado de aviões.[6] [7] [8]

Em 1932 o Iraque teve sua independência formalizada, embora continuasse sob forte influência inglesa, já que o Reino Unido conseguiu manter membros do antigo governo colonial (1920-1932) durante o curto período de independência do Iraque governado pelo Rei Faiçal (1932-1933) e na sequência, em governos dos seus descendentes da dinastia hachemita.[8]

Após a morte do rei Gazi, filho de Faiçal, em 1939, foi instituído um período de regência, pois o rei Faiçal II tinha apenas 4 anos. Na maior parte do período de regência, o tio do rei, Abdulillah (Abdel Ila), governou o Iraque.

Este era um governo pró-britânico até o início da II Guerra Mundial. Em Março de 1940, o Primeiro-Ministro e General Nuri as-Said foi substituído por Rashid Ali al-Gailani, um nacionalista radical, que adotou uma política de não-cooperação com os britânicos. A pressão britânica que se seguiu levou a uma revolta militar nacionalista em 30 de Abril de 1941, quando foi formado um novo governo, pró-Alemanha, encabeçado por Gailani. Os britânicos desembarcaram tropas em Baçorá e ocorreu uma rápida guerra entre os dois países em Maio, quando os ingleses restabeleceram o controle sobre o Iraque e Faiçal II foi reconduzido ao poder. Em 17 de Janeiro de 1943 o Iraque declarou Guerra à Alemanha. A Grã-Bretanha ocupou o Iraque até 1945 e dividiu a ocupação do vizinho Irã com as forças da URSS. Durante a guerra o Iraque foi um importante centro de suprimento para as forças dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha que operavam no Oriente Médio e de transbordo de armas para a URSS. Após a II Guerra Mundial, o Iraque se tornou área de influência dos EUA, assinando o Pacto de Bagdá em 1955 com EUA e Turquia.

O Iraque participou da guerra árabe-israelense de 1947-1949 (Ver: Guerra árabe-israelense de 1948), e apoiou os países árabes em guerra contra Israel na Guerra dos Seis Dias (1967) e na Guerra do Yom Kipur (1973).

Com a crise política dos anos 1950, o Iraque chegou a formar uma confederação com a Jordânia em 1958, que dissolveu-se com o fim da monarquia e o início da república no mesmo ano. O período 1959-1979 foi bastante conturbado na história iraquiana, com diversos golpes de Estado e participação em duas guerras.

Governo baathista[editar | editar código-fonte]

Saddam Hussein, o presidente que ficou mais tempo em exercício no Iraque.

Em 17 de julho de 1968, Ahmed Hassan al-Bakr deu um golpe de estado que derrubou a república e o presidente Abdul Rahman Arif, colocando os baathistas no poder. Onze anos depois, em 15 de julho de 1979, o sunita Saddam Hussein (até então vice de al-Bakr) assumiu a liderança do país, iniciando um governo que duraria até a Invasão americana ao Iraque em 2003. Saddam lideraria o Iraque contra o Irã, na longa e sangrenta Guerra Irã-Iraque, apoiado pelos EUA. Entretanto, após invadir o Kuwait em 1990, o país foi duramente atacado pela coalizão de países liderada pelos EUA na Guerra do Golfo, em 1991.

O governo de Saddam foi marcado por avanços econômicos e desenvolvimento do país, sem paralelo com a história anterior da nação. Contudo, após a guerra contra o Irã e contra as potências ocidentais pelo Kuwait, a economia do Iraque entrou em colapso. A corrupção no seio do regime e o encolhimento econômico foi seguido por anos de tensão sectária, entre sunitas, xiitas e curdos. Para reprimir uma rebelião deste último, perto do fim da guerra com o Irã, as forças de Hussein lançaram a chamada Operação Anfal, que resultou em mais de 180 000 mortes.[9] Os xiitas também se rebelaram, em 1991, mas sua revolta foi igualmente sufocada, com um saldo de mais de 230 000 pessoas mortas.[10] Durante a década de 1990, o país foi assolado com tensão sectária e pobreza extrema (especialmente entre a população xiita), decorrente da má gestão, da infraestrutura precária e da corrupção do regime sunita de Saddam. Os Estados Unidos e seus aliados realizaram bombardeios esporádicos pelo país (como em 1996 e 1998). Duas zonas de exclusão aérea (as operações Northern Watch e Southern Watch) sobre o Iraque foram impostas pela OTAN, com o objetivo de limitar a capacidade do exército iraquiano de usar violência exagerada contra as minorias e tentar impedir repressões étnicas, ao mesmo tempo que tentava enfraquecer o regime baathista. Isso acabou por deteriorar ainda mais a infraestrutura civil e militar do país.[11]

Após usar armas químicas e biológicas na guerra contra o Irã e na repressão dos xiitas e curdos, o regime de Saddam Hussein começou a sofrer pressão internacional para que ele abrisse mão de tais armamentos. Sanções econômicas foram então impostas pela comunidade internacional e pela ONU, devido a falta de colaboração das autoridades iraquianas. O resultado foi em uma acentuação da pobreza e deterioração da infraestrutura interna.[12] Contudo, apesar de tudo, o regime de Saddam permaneceu firme até 2003, quando uma coalizão ocidental dos Estados Unidos o derrubou do poder.

Composição étnico-religiosa e grupos políticos[editar | editar código-fonte]

O Iraque tem uma composição étnico-linguística de maioria árabe e minoria de curdos (15%), concentrados a porção norte do país. A língua árabe é oficial e predominante; já no Curdistão, o árabe é ensinado como segunda língua depois da língua curda.

A religião mais professada por mais de 95% da população é a islâmica. A maioria dos muçulmanos são do grupo xiitas (60% da população), concentrados no sul do país. No centro, predominam os sunitas, que são a segunda vertente da religião islâmica (os sunitas totalizam 20% da população).

Entre os partidos políticos do Iraque estão o Partido Baath Árabe e Socialista, no governo de 1968 a 2004, o Partido Democrático do Curdistão, e a União Patriótica do Curdistão. A Federação Geral dos Sindicatos é a única central operária do país.

Intervenção internacional e transição para república[editar | editar código-fonte]

Em 20 de março de 2003, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque, com o motivo declarado de desarmar o país que, segundo as potências ocidentais, havia falhado no abandono de suas armas químicas e nucleares, em violação ao Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, resolução 687. Os americanos e seus aliados afirmaram que devido o Iraque estar violando as normas da resolução 687, a autorização para o uso de forças armadas dessa resolução foi reavivado. Os Estados Unidos ainda justificam a invasão, afirmando que o regime de Saddam Hussein tinha ou estava a desenvolver armas de destruição em massa e declarando o desejo de remover um ditador opressivo do poder e levar a democracia ao Iraque. No seu discurso sobre o "Estado da União" de 29 de janeiro de 2002, o Presidente George W. Bush declarou que o Iraque era um membro do "Eixo do Mal", e que, tal como a Coreia do Norte e o Irão, o Iraque tentava adquirir armas de destruição em massa, resultando numa séria ameaça à segurança nacional dos E.U.A., Bush disse ainda:

Uma estátua de Saddam Hussein no centro de Bagdá sendo derrubada em abril de 2003. Essa imagem se tornou o símbolo de sua derrocada, depois de mais de 20 anos no poder.
Cquote1.svg O Iraque continua a ostentar a sua hostilidades em direção aos Estados Unidos e seu apoio ao terror. O regime iraquiano tem desenvolvido antrax, gases que afetam o sistema nervoso, e armas nucleares por mais de uma década … Este é o regime que concordou com inspecções internacionais - depois expulsou os inspetores. Este é um regime que tem algo a esconder do mundo civilizado … Procurando armas de destruição em massa, estes regimes [o Irão, o Iraque e a Coreia do Norte] representam um grave e crescente perigo. Eles poderiam fornecer estas armas aos terroristas, prestando-lhes os meios para corresponder ao seu ódio.[13] Cquote2.svg

Contudo, de acordo com um relatório mais abrangente do próprio governo dos Estados Unidos, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada desde a invasão, apesar de ter sido encontrado grande quantidade de materiais primas para produção dessas armas.[14]

Apesar da rápida vitória e deposição do regime de Saddam Hussein, a ocupação acabou sendo desastrosa. Grupos xiitas e sunitas armaram-se e começaram um movimento de resistência contra as forças da coalizão ocidental. Os rebeldes também começaram a combater não só os americanos mas uns aos outros, dando início a um sangrento conflito de caráter sectário e religioso.[15] Diversas facções como o chamado "Exército Mahdi", uma milícia xiita, e a Al-Qaeda, primordialmente sunita, começaram, a partir de 2004, sangrentos embates por todo o país.[16] [17] Entre 2004 e 2007, o Iraque viveu uma guerra civil que acabou ceifando centenas de milhares de vidas. Nesse meio tempo, em 2006, Saddam Hussein foi levado a julgamento por crimes contra a humanidade e enforcado.[18] Para sucede-lo no poder, foi instituído um governo (formado por autoridades estrangeiras) chamado Autoridade Provisória da Coalizão, chefiado pelo americano Paul Bremer. Contudo, tanto a execução de Saddam quanto a formação do governo provisório, não conseguiu trazer um fim na violência que assolava a nação. A dissolução tanto do exército baathista, como da antiga infraestrutura governamental, pelas potências ocidentais acabou levando o país ao caos, virando o Iraque numa zona de guerra sangrenta e brutal.[19]

Presidente americano Bush e o primeiro-ministro iraquiano al-Maliki, em 2006.

Nem mesmo a instalação de um parlamento democraticamente eleito em 2005 (o primeiro em décadas) conseguiu por um fim na violência sectária e religiosa que assolava o Iraque. Ibrahim al-Jaafari, nomeado primeiro-ministro, não conseguiu trazer o país a estabilidade esperada. Seu sucessor, Nouri al-Maliki, também falhou no propósito de trazer um fim a guerra. Em 2007, o presidente americano George W. Bush ordenou o envio de 20 000 novos soldados americanos, levando o total de forças estrangeiras no Iraque para 176 000 combatentes (incluindo 148 000 estadunidenses). Após o envio destes reforços, a violência no país começou a cair.[20] Com a situação de segurança melhorando e a economia do país começando a estabilizar, o parlamento iraquiano pediu formalmente para que os Estados Unidos retirassem suas tropas.[21] [22] No ano seguinte, forças dinamarquesas, australianas e de outros países começaram a retirar suas forças do Iraque. Ainda em 2008, o Reino Unido, principal parceiro dos americanos na região, também deram início a sua retirada do território iraquiano.[23] No mesmo ano, o governo Bush e o primeiro-ministro do Iraque firmaram um acordo para a retirada completa dos soldados dos Estados Unidos do país, encerrando as atividades da coalizão por lá.[24] Generais americanos criticaram o plano, afirmando que sua saída de lá poderia reascender o conflito. Porém, a administração do presidente Barack Obama, que sucedeu Bush, estava determinada a encerrar a guerra do Iraque de uma vez por todas. Em 2009, o exército dos Estados Unidos começou a passar a responsabilidade de defesa do país para as forças de segurança iraquianas (armadas e financiadas pelos americanos).[25] Em dezembro de 2011, o último soldado americano deixou o Iraque depois de oito anos de guerra.[26]

Estima-se que mais de 500 000 pessoas tenham morrido no conflito no Iraque entre 2003 e 2011.[27]

Retirada dos americanos e nova guerra civil[editar | editar código-fonte]

A retirada americana do Iraque em 2011 veio durante um período em que o número de mortes no país tinha caído para os menores níveis desde antes de 2003. Muitos analistas haviam afirmado que a saída dos Estados Unidos poderia ter sido prematura, pois ainda havia uma sombra de insurgência e muita tensão sectária.[28] A Primavera Árabe e a guerra civil na vizinha Síria começou a desestabilizar a situação nas fronteiras iraquianas ao oeste. Xiitas e sunitas voltaram a se combater pelas ruas de diversas cidades do Iraque. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki aproveitou a saída da Coalizão ocidental de seu país para iniciar uma série de mudanças internas. Primeiro, expulsou do seu governo e das forças armadas membros sunitas proeminentes, enquanto colocava gente de sua confiança em cargos importantes. Sua administração era considerada extremamente corrupta e sectária, já que ele e a maioria xiita do Iraque parecia não querer compartilhar o poder com os compatriotas sunitas.[29]

Em 2014, a violência sectária e religiosa no Iraque reacendeu com toda a intensidade. Combates sangrentos começaram a irromper no norte e no oeste do país, onde a maioria da população sunita vive. O grupo extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) iniciou uma pesada ofensiva com o objetivo declarado de instaurar um califado muçulmano na região, englobando uma enorme área do Iraque (e também da Síria) e querem impor uma visão estrita da lei islâmica nos territórios que ocupam.[30] [31] Na ofensiva, cidades como Tikrit, Falluja e Mossul, foram tomadas pelos jihadistas.[32] Com isso, novos e sangrentos combates irromperam pelo Iraque. Atrocidades, como assassinatos em massa e saques estariam sendo cometidos pelos insurgentes do EIIL. O governo iraquiano reagiu mandando seus exércitos contra-atacarem os rebeldes. O país segue atualmente em profunda instabilidade interna.[33]

Geografia[editar | editar código-fonte]

A maior parte do país é desértica, porém as regiões dos rios Tigre e Eufrates são férteis, propiciando a agricultura. A capital Bagdá situa-se no centro do país às margens do Tigre.

Demografia[editar | editar código-fonte]

A terceira maior cidade do Iraque é Baçorá.


Política[editar | editar código-fonte]

Bandeira[editar | editar código-fonte]

A bandeira nacional do Iraque segue o modelo tricolor das bandeiras da Revolta Árabe. Após a ocupação norte-americana, tentou-se criar um desenho fora desse contexto, o qual foi, no entanto, rejeitado. Uma nova bandeira foi adotada em janeiro de 2008, tendo sido retiradas as três estrelas verdes associadas ao partido Ba'ath, que significavam unidade, liberdade e socialismo. Manteve-se no entanto o lema Allah-u-Akbar (Deus é grande).[34]

Brasão de armas[editar | editar código-fonte]

O brasão de armas do Iraque contém a águia dourada de Saladino associada ao pan-arabismo do século XX, com um escudo da bandeira iraquiana, e segurando um pergaminho com as suas garras contendo as palavras الجمهورية العراقية (em árabe: al-Jumhuriya al-Iraqiya ou República Iraquiana).

O Brasão de armas em 1965, não tinha a escrita kufi entre as estrelas da bandeira e foi colocado verticalmente. Esta versão permaneceu em uso até ser substituída pela actual versão, em 2004. Continua controvérsia sobre a bandeira do Iraque resultante do governo interino, que adopta uma bandeira sem retirado as estrelas, mas mantendo a escrita kufi.

Hino nacional[editar | editar código-fonte]

"Mawtini" (Em árabe: موطني, "Minha Pátria"), é um poema popular escrito pelo poeta palestino Ibrahim Touqan por volta de 1934 na Palestina, que veio a ser o hino nacional de facto da Autoridade Nacional Palestina. A melodia original foi composta por Muhammad Fuliefil, e ao longo dos anos foi se tornando popular no mundo árabe.

Tanques T-72 da infantaria iraquiana.

Recentemente, foi adaptada para ser o hino nacional do Iraque, substituindo o antigo hino "Ardulfurataini Watan".

Forças armadas[editar | editar código-fonte]

O Iraque possui forças armadas desde 1920, período em que o país esteve sobre domínio britânico. São constituídas de Exército, Marinha e Força Aérea. Os três ramos das forças armadas iraquianas possuem grande importância na história recente do país, com envolvimento em diversos conflitos.

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

  1. Bagdad (بغداد)
  2. Salah ad Din (صلاح الدين)
  3. Diyala
  4. Wasit
  5. Maysan
  6. Baçorá (البصرة)
  7. Dhi Qar (ذي قار)
  8. Al Muthanna (المثنى)
  9. Al Qadisiyyah (القادسية)
  1. Babil (بابل)
  2. Al-Karbala (كربلاء)
  3. An-Najaf (النجف)
  4. Al Anbar (الأنبار)
  5. Ninawa (نينوى)
  6. Dahuk (دهوك)
  7. Erbil (أربيل)
  8. Kirkuk (ou At Ta'mim)
  9. As-Sulaymāniyyah (السليمانية)

Províncias do Iraque.

Economia[editar | editar código-fonte]

Dois dos principais produtos exportados são o petróleo e as tâmaras. Mas após os atentados de 11 de setembro de 2001, o país deixou de exportar 80% de sua produção de tâmara devido ao bloqueio econômico internacional. O Iraque detém a segunda maior reserva de petróleo do mundo, perdendo apenas para a Arábia Saudita. A economia do Iraque ficou arruinada por uma década de sanções econômicas internacionais. Estima-se que a recuperação da indústria de petróleo do Iraque, que está em frangalhos, levará três anos, a um custo mínimo de 5 bilhões de dólares. A maioria da população depende totalmente das cestas básicas distribuídas pelo governo. A ONU calcula que a guerra originou quase um milhão de refugiados, que precisaram de ser abrigados e alimentados pelos exércitos de ocupação.

Cultura[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI): World Economic Outlook Database (Outubro de 2014). Visitado em 29 de outubro de 2014.
  2. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Human Development Report 2014 (em inglês) (24 de julho de 2014). Visitado em 2 de agosto de 2014.
  3. Boesch, Hans H.. (1º de outubro de 1939). "El-'Iraq" (em inglês). Economic Geography 15 (4) p. 329. DOI:10.2307/141771.
  4. Gertrude of Arabia, the Woman Who Invented Iraq The Daily Beast, Clive Irving, 17/06/2014
  5. Gertrude de Arabia: la mujer que creó Irak RT, 19/06/2014
  6. British Colonialism and Repression in Iraq[ligação inativa]
  7. OMISSI, David (1991) Baghdad and British Bombers[ligação inativa] The Guardian, 19 January 1991
  8. a b KAUFFER, Rémi. Os britânicos na armadilha iraquiana. Revista História Viva. edição 51 - Janeiro 2008
  9. Iraq to hang 'Chemical Ali', Associated Press, 21 de junho de 2014.
  10. "Flashback: the 1991 Iraqi revolt". Página acessada em 21 de junho de 2014.
  11. The unofficial war: U.S., Britain led massive secret bombing campaign before Iraq war was declared, rawstory.com
  12. Resolution 1483 - UN Security Council - Global Policy Forum Globalpolicy.org. Visitado em 1 de junho de 2011.
  13. The President's State of Union Address, January 29, 2002,Washington, D.C.
  14. Borger, Julian (2004-10-07). There were no weapons of mass destruction in Iraq guardian.co.uk Guardian Media Group. Visitado em 2008-04-28.
  15. "U.S. cracks down on Iraq death squads", CNN, 24 de julho de 2006.
  16. Jackson, Patrick. "Who are Iraq's Mehdi Army?", BBC News. Página visitada em 4 de março de 2013.
  17. "Al Qaeda's hand in tipping Iraq toward civil war", 20 de março de 2006.
  18. "Saddam Hussein executed in Iraq", BBC News, 30 de dezembro de 2006.
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Ver também[editar | editar código-fonte]


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