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• Doidivanas - Doidivanas

Eras vaqueano
Mas não eras vivaracho
Vivias num cortado
Num apertado barbicacho
Eras macanudo
Que testavilhou
Já te digo, mano véio
Ela te sofrenou
Tá certo que era um chinocão
Mas sua cangalha te prendia o coração
Tá mais judiado que sovaco de perneta
Eu sei a china te marcou toda paleta
Onde manda a cachaça
Se entoca o juízo
Homem por mulher guasqueado
Não dá parte ao delegado
Mulher, cana e bolacha
Em qualquer canto a gente acha
Te apruma pro bailado
Tem que honrá as tuas bombacha
Sirigaita é como o vento
Ninguém prende nem aparta
Se vier se reboleando
No relance a gente salta
Aquela piguancha
É flor de bagaceira!
Peguei minhas boleadeira
E fui de atrás do animal
(Rodrigo Martins, Daniel Moreira/

Otro dia, eu tava andando
E escutei no rádio uma cantiga a tocar
Um troço esquisito, ritmado
Não me fiz de rogado
Puxei uma prenda pra dançar
E fiquei imaginando
O que o sujeito tava a cantar
Foi só chegar no estribilho
Aquilo entrou no zuvido
Nem precisou explicar
Nós ali se embalando
É dois pra lá e dois pra cá
Eu com ela agarrado
Nesse xote largado
Que faz até manco bailar
Ai, xote de xerife
Que coisa buena, tchê
Ai, xote de xerife
Pra gente se mexer
E foi logo se achegando
Uma rapaziada mui faceira
Tinha uns traje esquisito
E uma fala mansita
Comecei a me enturmar
Um magricela tropeçando
Me ofereceu um pito pr'eu provar
Meu zóio se vesguiaro
Tudo então ficou tão claro
Fui pro deserto matear
Vi uma cobra fumando
O m'boitatá e o saci cantavam lá
O bugio seguiu falando
Veio uma voz retumbando
- Bah! O bombachudo tá a viajar!
(Rodrigo Martins/Felipe Mello)

O campo largo
Manhã serena
Na alma plena
Um poncho com frio
Tranqueia o baio
Fiel amigo
Um sonho antigo
Se faz assovio
O casco a pisar no pasto
Aromas de primavera
Prossigo a campear o rastro
No rumo de quem espera
A vida não faz a tapera
Ó, vida
Sobrará caminho
Cavalo e carinho
Que me levem pra você

Uma lata de óleo
Maria-Fumaça
Rodas imaginárias
Trilhos que eu mesmo fiz
Linhas de areia
O campo, a trilha e o chão
Levei trigo pra São Paulo
Romeu e Mariazinha também foram num vagão
Carvão, soja, brinquedos para a ida e para a volta
Às vezes ia vazio
Não tinha o que carregar
O trem timoneiro seguia nos trilhos
Sem se machucar
Vagões deslizavam
Maquinistas até sorriam
Quando as laranjas de umbigo surgiam
E mais laranjas de umbigo surgiam...
No trajeto do pomar
É o trem no pomar
O trem queimava
Minhas mãos
Nas brasas
Que incandeciam
Pra fazer a fumaça
Que abrasa
Subir pelo ar
Nesse trem também
Carreguei meus sonhos
Minhas malas de papel
Circo de taquaras e barbante
Minha bagagem de sonhos
Pra nunca mais voltar

Io que no gosto
De sanduitche de patê
Pero minha vida
Se resume a comê
Schimier
Tua tia
De noite e de dia
(Paulo Azambuja/

Debaixo das horas
Me sentei
E os olhos...
Me disseram que eles vinham
Com muitos canhões
Pra tomar conta do que é meu
Me disseram que ele vinham
Armados até as oreia pra tirar
O que Deus me deu
Debaixo das horas
Me sentei
E os olhos...
Os olhos
Se me deram vida, compadre
Eu quero por bem é viver
Pois a pampa é nossa, cumpadre
Entregá-la ninguém vai querer
Ah, ah, ah
Só um talho e a buchada no chão
Ah, ah, ah
Nunca tive e não vou ter patrão
Ah, ah, ah
Mais um talho e deixa sangrar
Ah, ah, ah
Este foi, manda outro pra cá

O Arnesto nos convidou prum samba [churras]
Ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo com uma baita de uma reiva
Da outra vez nóis não vai mais
Nóis num semo tatú
No outro dia
Encontremo com Arnesto
Que pediu desculpa
Mas nóis não aceitemo
Isso não se faz Arnesto
Nóis não se importa
Mais você devia ter ponhado um recado na porta

Tá surgindo por aqui
Mais uma dança pr'esse pago
Lhes garanto, indiada amiga
Vai causar um baita estrago
Será motivo de protestos
Casamentos e peleias
Mas a causa é justa
E a gente não vai dar trégua
Eu quero ver as beatas
(se) benzer com água benta
Porque a tal dança
Onde chega arrebenta
É pra gurizada ficar num alvoroço
Ninguém quer saber
De largar o retoço
É o retoço se achegando, meu irmão
Pra levantar a polvadeira
Na boate e no galpão
É o retoço retoçando o coração
Coisa linda, o retoço
E a brincadeira de mão
Essa dança infernal
Já tá no campo e na cidade
Quem não gosta dum retoço
Não quer ter felicidade
Pois ele não tem idade
É pros velhos e pros moços
Traz saúde pra o corpo
Salta até butiá dos bolsos
Donde o bicho se acampa
Há fuzarca e anarquia
Vamo retoçando
Até o raiar do dia
Nunca se viu, meu cumpadre
Que dança encrenqueira
Esse tal do retoço
Escancara as fronteiras

Anos noventa
No venta aqui
A umidade congela os ossos
A quem quer que seja
Ronca o mate com carqueja
Empurramos a vida com a pança
E vamos nesta dança sempre tão normal
Anos noventa
'Cê tenta que
A carne é fraca
E o coração fraqueja
Os dinossauros vigiam a igreja
Formigas na trilha do varal
O homem sempre tão igual
Anos noventa
'Cê 'guenta que
Cara, tem água nova para o chimarrão
Na garagem jorra uma distorção febril
Sorriso lindo do moleque sem dente
Rabiscos de um lugar decadente
Oh tristeza...
Anos noventa
'Cê pinta aqui
O mercado expele peixe sem parar
Tem tanta coisa suspensa noir
Quero o beijo da menina solta
Que bebedeira!
É tudo faz-de-conta!
De conta...
Anos noventa
'Cê pensa que
Acurturado curte sua curtura
E tanta gente cheia de mesura
Anos noventa
Te senta que
São tantos copos
Que o navio já adornei
E dos meus amigos
Eu já nem sei
Meu bem, agora é tudo Internet
Não-me-toque e não te mete
Mas vem ficar comigo
Vem pra cá
Deixa pra depois o acerto
O sonho aqui é vermelho e preto
Joga pelota que
Diploma já é mero bel-prazer
Prazer é todo meu em te conhecer
Essa cuica tá milongueando histórias mil
Só não sei de quando
Anos noventa
Quarenta que
Sumiram com simões
Só sobrou ali a babar
Nem cheiro, nem retoço
Nem restos do almoço
Idade chega e não dá moleza
Adeus Rouget, só me deixa a mesa
Anos noventa
Apita o trem e não vem ninguém
Só segue os trilhos se a ti convém
E vamos dar um rumo nesta prosa
E dizer que a vida pode ser generosa
A vida pode ser uma bandeira
A vida pode ser uma saudade
A vida pode ser derradeira

Eu vim pra debulhar os aramados dos quintais
Sacudir as estruturas de um tal cenário teatral
Tem que preservar, mas não carece ser igual
Cada mate é um sentimento deste rancho universal
Pago pra ver o pago pegando fogo
Perco a guaiaca mas não perco o jogo
Posso gostar da chula
Mas não preciso ser uma mula
Posso me orientar
Eu vim pra debulhar os aramados dos quintais
E embalar um tranco doido de bagual
Se aprochega, companheiro
Traz a prenda e vem dançar
Vamos contar lorota
Tomar trago e prosear
Esta vida é uma tranqueira
Mas não vamos se entregar
Que seja rock ou vaneira
Só é preciso respeitar
Pr'o seu bugio poder bailar
Eu vim pra debulhar os aramados dos quintais
Incomodar os "coisa ruim"do terreiro regional
A fé, o canto e o sonho; que deixe ser ao natural
Cada som tem um momento neste pago universal
Dou uma talagada e outra pro santo
Penso na vida, tento falar o esperanto
Não se pode contar com a sorte
No trote vasto do caminho
Minha sina é tentar
(Rodrigo Martins/Felipe Mello,

Qualquer bailanta que eu vá
Que eu olhe teu tranco pra lá e pra cá
Coxa torneada com tudo em cima
China gostosa assim não vai dá
Dá a maió bola depois se espanta
Só porque eu quero te agarrá, furá
Também com essa roupa de madame
Te mordo toda até matá
Sempre na volta da gasolina
Que é tudo na vida dessa menina
Galopa então nessa charrete
Que eu te puxo pelas crina
Você ó meu amor
Me dá comichão
Tesão com eu te amo
Não rima, não
Quer saber se ele te quer?
Vai procurar na tua Contigo
Mas já te digo de vereda
Ele é mais chegado nos tchamigo
O que tens de boazuda
Põe mais cem de ignorância
Não te faz de songa monga
Que embaixo é uma festança
Ouça a voz da experiência
Toda moça quer ser querida
Pra tu não fazer besteira
Vem pra cá minha comida
(Rodrigo Martins/ Daniel Moreira,

Qualquer bailanta que eu vá
Que eu olhe teu tranco pra lá e pra cá
Coxa torneada com tudo em cima
China gostosa assim não vai dá
Dá a maió bola depois se espanta
Só porque eu quero te agarrá, furá
Também com essa roupa de madame
Te mordo toda até matá
Sempre na volta da gasolina
Que é tudo na vida dessa menina
Galopa então nessa charrete
Que eu te puxo pelas crina
Você ó meu amor
Me dá comichão
Tesão com eu te amo
Não rima, não
Quer saber se ele te quer?
Vai procurar na tua Contigo
Mas já te digo de vereda
Ele é mais chegado nos tchamigo
O que tens de boazuda
Põe mais cem de ignorância
Não te faz de songa monga
Que embaixo é uma festança
Ouça a voz da experiência
Toda moça quer ser querida
Pra tu não fazer besteira
Vem pra cá minha comida
(Rodrigo Martins/ Daniel Moreira,