If you can't understand a single portuguese word, use this translator. It's a shit, but...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Caos, desordem e punk rock: pesadelo em Toronto

O punk canadense tem uma história tão (ou mais) rica e interessante quanto a de suas duas principais crias, dissecadas nos posts anteriores. Mesmo em Vancouver, entre 1977 e 1982, surgiram (e acabaram) dezenas de outros grupos; D.O.A. e Subhumans eram apenas a ponta do iceberg, apesar de todo seu poderio sonoro e ideológico. Mas outras cidades também desenvolveram cenas intensas. Algumas, como Toronto, realmente surpreendentes. A proximidade com New York certamente foi determinante para isso e, não por mera coincidência, há uma forte influência do som de NY e Detroit na maioria das bandas.
O estopim para o surgimento de uma cena punk em Toronto foi um show do Ramones em setembro de 1976. Na plateia daquela apresentação, que teria durado meros 20 minutos, estavam membros fundadores das primeiras bandas locais. A consequência disso - claro, aliada a diversos outros fatores - foi que no verão de 77, Toronto viveu sua "explosão punk", capitaneada por bandas como Diodes, The Viletones, The Curse, The Ygly e Teenage Heads, entre outras. Vou falar um pouco de cada.


THE DIODES - Grupo formado em 76 pelo vocalista Paul Robinson e o baixista Ian Mackay, aos quais se juntou o guitarrista John Catto. Diversos bateristas passaram pelo grupo até a entrada de Mike Lengyell, já no meio de 1978, que se firmou no posto. O Diodes é considerado com o primeiro grupo punk canadense. No entanto, em que pese a atitude, muitos conterrâneos e contemprâneos deles não os consideram exatamente punk, pois desde o início é notável influências de grupos como The Who e Kinks. Daí serem cultuados por "mods revivalistas" do mundo todo. A meu ver, eles começaram como punks e foram determinantes para o surgimento de uma cena em Toronto, mas como conseguiram um contrato com uma grande gravadora, acabaram influenciados pelas "leis de mercado", daí...
A primeira apresentação do Diodes foi realizada apenas em janeiro de 77, quando tocaram com o ainda não tão famoso Talking Heads. E, se não tinham um som "puramente" punk, eles contribuíram de uma forma decisiva para o florescimento de uma cena em Toronto, ao gerenciar o The Crash 'n' Burn, um clube noturno exclusivo para bandas new wave e punk. O local acabou sendo fechado pelo Partido Liberal, que tinha sede no mesmo quarteirão, mas em sua curta existência abriu espaço para o surgimento de várias bandas.
Em 77, lançaram um "split single" com o The Curse, hoje raríssimo, chamado Raw/War. Ainda naquele ano, fizeram os primeiros shows em New York e foram muito elogiados pela crítica. A boa repercursão lhes rendeu um contrato com a CBS, o que fez do Diodes o primeiro grupo punk do Canadá a assinar com uma major. O primeiro LP, chamado simplesmente The Diodes, foi bem recebido por público e imprensa, o que lhes proporcionou uma certa fama nos EUA. No entanto, o disco não captou a energia da banda em suas apresentações ao vivo. Por outro lado, há quem o considere um clássico do que hoje muita gente chama pop-punk, outros de power pop (apesar de no Brasil já ter gente confundindo esse estilo). Claro, que por estarem em um grande selo, o som deles foi bastande dilapidado, mesmo assim, é bem criativo.
Em 79, lançaram o segundo LP, Released, bem mais produzido que o primeiro e com mais acentos pop. Em certas passagens eles lembram bem o Ramones em seus momentos mais alegres e menos densos. É neste LP que está Tired of Waking Up Tired, o maior sucesso da banda. Em 1980, depois de não terem o contrato renovado com a CBS, o Diodes, apenas com Catto e Robinson, mudou-se para a Inglaterra. Lá, juntamente com o baixista Steve Robinson, ex-Barracudas, e o baterista Richard Citroen deram sequência ao trabalho e lançaram o terceiro LP, Action/Reaction, pelo selo Orient, outro ótimo LP, a meu ver, superior a Released, mas que jamais recebeu a devida atenção. Em 82, lançaram Survivors, uma coletânea de sobras de estúdio e gravações raras. Pouco depois desse lançamento, a banda acabou. Na verdade, o que houve foi uma grande mudança de direção o que levou Robinson e Catto a proporem um novo nome para o grupo: High Noon. Dessa forma, estabeleceram-se em Londres e por lá fizeram uma breve carreira até 1985. Diz a lenda que há gravações não lançadas desse período. No final dos anos 90 e depois em 2007, o Diodes se reuniu para algumas apresentações. E "só".


VILETONES - Se o mundo se assustou com o comportamento dos Sex Pistols em Londres, a sorte é que os holofotes não se viraram para Toronto. Os Viletones certamente causariam mais indignação. Um artigo do jornal Record Week descreveu o grupo como "a resposta cultural do Ocidente para Idi Amin Da Da" (para quem não sabe, Idi Amin era presidente de Uganda e tinha manias "estranhas", como comer carne humana e guardar partes dos corpos de seus desafetos em geladeiras....).
Tal afirmação tinha como base o perfil do vocalista que no palco - e fora dele, também - destilava raiva, ódio, violência extrema, autodestruição, escatologia e... simpatia pelo nazismo! Sim, Steven Leckie adotou o pseudônimo "Nazi Dog", usava suásticas e dizia não apenas ser admirador H. Himmler, mas também descendente do número um da SS de Hitler. E orgulhava-se disso. Óbvio que tal comportamento é abominável até mesmo entre os punks. Mas a questão não era ideológica. Steven demorou um pouco a perceber o quanto estava sendo ingênuo ao promover a merda nazista. Sua intenção era causar o máximo de repulsa que pudesse nos mais velhos e incitar a violência em seu público. Conseguiu, claro. Mas já na virada de 77 para 78, depois de assistir ao filme Holocausto, se tocou da besteira e deixou o apelido e a propaganda nazista de lado. Diz a lenda que ele teria sofrido ameaças de morte por parte do serviço secreto israelense, o que facilitou ainda mais a decisão de mudar o discurso...
Nazi Dog era desprezível, mas era também um soco na cara da sociedade canadense e o som do Viletones um chute dolorido no saco da pasmaceira musical que predominava naquele país. Os outros integrantes do grupo eram o guitarrista Freddy Pompeii, o baterista Mike "Motor X" Anderson e o baixista Jackie Death (que ficou pouco tempo, sendo substituído por Chris "Hate" Haight).
O Viletones foi um meteoro destruidor que durou (a formação original) por cerca de dois anos apenas. Nesse período, conseguiram chamar a atenção da imprensa, com vários artigos publicados, inclusive na Europa, sobre a selvageria promovida por eles no palco. Também fizeram uma apresentação no CBGB, ao lado do Diodes, The Curse e do Teenage Head. Em termos de gravações, lançaram dois compactos. O primeiro, Screamin' Fist, saiu em 77, e o segundo, Look Back in Anger, em 78. Pouco depois desse segundo ep, o baixista Sam Ferrara, ex-The Ugly, entrou no grupo e Chris Haight assumiu a segunda guitarra.
Quando o Viletones parecia que ia tomar um rumo, sem muitas explicações, três integrantes originais da banda saíram, deixando Nazi Dog e Sam. Pompeii, Haight e Anderson juntaram-se ao baterista John Hamilton (que tocou com o Dodes em sua fase incial) para formar o The Secrets, com um som menos agressivo. Não virou e ainda deram fim a mais original banda que surgira em Toronto desde a invenção do rock'n'roll.


THE UGLY
- Da mesma estirpe que o Viletones, mas com algumas diferenças: eram melhores musicalmente e piores como pessoas. Não gostavam muito das outras bandas, especialmente do pessoal do Diodes, que eram ligados a uma escola de arte. Os integrantes doUgly eram marginais mesmo, inclusive tiveram muitos problemas porque virava e mexia um deles estava em cana. A banda é, na verdade, de Hamilton, que fica muito próxima a Toronto, mas como não tinha onde tocar em sua cidade natal, acabaram se tornando, por osmose um grupo de Toronto.
O grupo começou por volta do final de 76, depois que o baixista Sam "Ugly" Ferrara e o guitarrista Tony "Torture" Vincent ouviram o primeiro LP do Ramones (sempre eles!) e decidiram mudar o estilo de som que faziam (eles tocavam numa banda chamada The Markeys, que fazia covers do Yardbirds, The Who, Stones e outros). Na reformulação, recrutaram Mike "Nightmare" Mulhoney para o vocal e dispensaram o baterista Brian Vadders, pois ele não quis cortar o cabelo estilo hiponga! No lugar dele, entrou o irmão de Mike, Ray "Gunner".
Como muitas bandas punks daquele tempo, o Ugly poderia fazer um som mais trabalhado, mas optaram pelo mais agressivo que podiam. Outro fato curioso é que por acharem que alguns grupos punks eram muito "sofisticados" (e também pelo fato que muitos integrantes das outras bandas serem alunos de uma escola de arte), costumavam dizer que não tocavam punk rock, mas sim "hoodlum rock", algo como "rock de bandido".
Assim como o Viletones, a natureza desencanada e anárquica (não na acepção política do termo) do Ugly não permitiu que eles tivessem um futuro no cenário musical. Também passaram como um meteoro e a formação original se desmantelou em 78. Mike reformou a banda e chegou a lançar um single (Stranded In The Laneway (of love) / To Have Some Fun), bem mais para o rock'n'roll. Do Ugly original, o único registo da época é uma faixa na coletânea And Now Live From Toronto - The Last Pogo, hoje considerado um raro e precioso documento da história do punk canadense. Este disco seria uma espécie de trilha sonora de um filme captado em um show na Horseshow Tavern (lendário clube de Toronto que abrigou o início da cena na cidade), realizado pela dupla Gary Toppie e Gary Cormmier, donos do local considerados os maiores incentivadores do punk por lá. (Sempre digo que o que faltou no início do punk brasileiro era um espaço desse tipo, para as bandas tocarem e ensaiarem). Parece que já há DVD desse filme, não tenho certeza.
O Ugly acabou pouco depois do lançamento so single, que passou completamente batido. Em 97, Mike faleceu. Dez anos depois Sam e Tony, na onde de "ressuscitamento" de todas as bandas punks dos anos 70 e 80, voltaram a tocar sob o nome The Ugly, juntamente com o guitarrista Steve Koch e o vocalista Greg Dick (ex-Dream Dates, outra banda obscura dos anos 70). A verdadeira volta dos mortos-vivos!


THE CURSE - Candidatíssima ao posto de primeira banda feminina de punk da América do Norte, ao lado das Dishrags (curiosamente também canadenses, mas de Vancouver), essa é mais uma banda que costuma surpreender quem começa a descobrir a real história do punk. O The Curse foi criado no verão de 77 pelas amigas Mickey Skin (voz) e Dr. Bourque (baixo). Patsy Poizon (bateria) e Trixie Danger (guitarra), completaram a formação. Também tocaram na histórica noite canadense do CBGB em 77, com os Diodes, o Teenage Head e o Viletones (o Cramps ainda se apresentou nesse dia). As peformances das meninas eram marcados por atitudes inesperadas de Mickey como espalhar e atirar restos de comida no público.
Quanto ao som, enquanto estavam em atividade lançaram apenas o split com o Diodes (mas a faixa delas, Raw, não é uma música, apenas a voz de Mickey sobreposta a uma fala de alguém sobre teoria social. Ela vai xingando o cara) e um compacto com as faixas Shoeshine Boy e Killer Bees. Muito bom, punk primitivo de primeira.
Em 78, cerca de um ano depois da apresentação no CBGB, retornaram a New York e tocaram no Max's Kansas City, que acabou sendo o último show do grupo. Em 1996, o selo Other Peoples Music lançou uma coletânea com tudo o que foi possível garimpar delas. Tem as faixas dos compactos, demos e algumas ao vivo. Um registro histórico. Mas teria sido interessante se elas tivessem gravado um LP. Em tempo: "curse" é uma das expressões para menstruação.



TEENAGE HEAD - São conhecidos também (mais um) como Ramones canadense. E realmente existem algumas semelhanças, observando-se o chavão desde que guardadas as devidas proporções. O Teenage Head foi criado em 1975 por quatro colegas de faculdade: Frank "Venom" Kerr Jr. (vocal), Gordon "Lazy Legs" Lewis guitarra, Steve "Marshall" Mahon (baixo) e Nick Stipanitz (bateria). Todos eram fãs de Iggy and The Stooges, MC5, Flamin' Grooves e New York Dolls. Assim, antes de terem suas próprias músicas, faziam covers dessas bandas, cujo som foi fundamental para a existência do punk rock. Uma escola e tanto. Inclusive tiraram o nome de um LP do Grooves, de 1971. Foram dois anos de ensaios antes de tomarem a decisão de mudar-se para Toronto (eram de Hamilton).
De casa nova, começaram a tocar no pequeno mas frequente e agitado circuito punk, ao lado das bandas pioneiras já citadas neste post. Em 78, lançaram o primeiro single Picture My Face / Tearin' Me Apart pelo selo Interglobal Music. A primeira parece muito com Stooges, principalmente o vocal. A segunda, é Heartbreakers puro. Ainda no mesmo ano fizeram mais um compacto com as faixas Top Down e Kissin' the Carpet. A guitarra a la Ramones é evidente na primeira faxa. Mas é bom dizer que ao mesmo tempo eles tinham um estilo próprio.
A repercursão destes lançamentos ficou restrita ao circuit underground. Mas a banda já criara uma certa fama e, em 78, lançou o primeiro LP, Teenage Head. No entanto, pouco depois e justamente quando começavam a ver a fama crescer, a Interglobal faliu. Assim, por muito tempo, estes três discos ficaram fora de catálogo, sendo relançados apenas nos anos 90, quando iniciou-se a era do CD. No disco, as influências citadas são bem claras. É "punk mais rock do que nunca" para ser ouvido no volume máximo.
Em 1980 assinaram com um selo maior, a Attic Records. Com isso puderam investir mais na gravação do segundo LP, Frantic City, produzido pelo ex-guitarrista de David Bowie, Stacey Heydon. O resultado é um som bem mais polido e 99% rock'n'roll. Vale a pena ouvir, mas nada tem a ver com punk. E daí em diante a banda seguiu essa linha, embora o terceiro LP, de 82, chamado Some Kinda od Fun, seja mais pesado e tenha ficado famoso como "trilha sonora ideal para festas regadas a cerveja". Daí em diante e principalmente após assinarem com a CBS, que os forçou a mudar o nome para Teenage Heads, distanciaram-se do punk, embra usassem a fama de banda punk - especialmente com a retomada do interesse pelo gênero nos anos 90. Seja como for, o Teenage Head foi uma das mais influentes bandas dos primeiros anos do punk canadense e merece ser incluído em qualquer historiografia que se faça em relação ao punk rock no mundo. Em tempo: Frank Venom morreu em 2007, em consequência de um câncer na garganta.











quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

D.O.A.: sempre vivos


Subhumans e DOA são crias do mesmo útero, gêmeos separados no nascimento. Em 1978, após o fim do Skulls e da experiência "Wimpy and The Bloated Cows" em Toronto, Joey "Shithead" Keithley retornou a Vancouver e não demorou saiu a procura de comparsas para montar uma nova banda. Inicialmente convidou um certo Randy Archibald, que tocava com um grupo chamado Looney Tunes, para a bateria, mas como ele não era lá essas coisas, foi atrás de outro e acabou chamando Chuck, irmão caçula de Ken "Dimwit" (do Subhumans, e ex-Skulls). Depois, sugeriu a Randy que aprendesse a tocar baixo. Logo o trio estava ensaiando uma média de quatro horas por dia. Num desses ensaios, que era realizado em uma espécie de estúdio de segunda mão onde vários grupos tocavam, apareceu um cara com toda a pinta de punk e, depois de vê-los tirar umas músicas disse: "Caras, vocês são bons. Meu nome é Harry Homo. Vocês serão a banda, eu serei o vocalista, vamos ganhar um milhão de dólares e vamos ser o D.O.A." Assim, na maior folga. E deu certo! Os caras toparam.


Primeira fase
A estreia do D.O.A. foi no dia 20 de fevereiro de 78, em um local chamado Japanese Hall, ao lado de várias bandas, punks e new wave, como era comum naqueles tempos. Depois da estreia ficou claro que Harry era um ótimo frontman, mas não tinha qualquer dom musical, cantava totalmente fora do tempo. Foi descartado e Joey assumiu a função de guitarrista e vocalista. Assim, como um trio e pouco mais de um mês depois começaram a tocar regularmente em outros locais, inclusive no Smilin' Buddha, uma espécie de CBGB's ou 100 Club de Vancouver. Em pouco tempo Joey e seus amigos fizeram uma série de apresentações que se tornaram lendárias.
A essa altura, com vários sons compostos por Joey e Chuck, já pensavam em gravar algo. Claro que nem procuraram gravadora. Juntaram tudo o que podiam e produziram sozinhos seu primeiro compacto. DIY total. Para isso, agendaram nove horas (tudo o que poderiam pagar) no Ocean Studios. A sessão foi realizada com uma bateria alugada e, como eles possuíam apenas os instrumentos, amplificadores que os donos do estúdio garantiram que providenciariam. Só não avisaram que eram Ampegs da década de 50, bem ruinzinhos. Some-se a isso uma inexperiência completa em gravações. O resultado foram quatro faixas incrivelmente punks, que se constituíram em Disco Sucks, um dos melhores compactos (não)produzidos no Canadá até hoje. Além da faixa-título, o artefato tinha Nazi Training Camp, Royal Police e Woke Up Screaming e foi lançado com uma prensagem de 500 cópias. Este disco também marcou a fundação do selo Sudden Death Records, de propriedade deles mesmos.


A pequena bolacha abriu as portas para a banda. Eles mandaram cópias para alguns fanzines e estações de rádio independentes dos EUA. A seguir, convenceram o pessoal do lendário Mabuhay Garden, clube de San Francisco, a agendar alguns shows. Em agosto de 78 se apresentaram pela primeira vez em solo estrangeiro. Acabaram passando um tempo a mais por lá e iniciaram uma grande amizade com Jello Biafra (Dead Kennedys).
De volta a Vancouver, gravaram o segundo compacto (o excelente The Prisoner/13), desta vez, pelo selo Quintessence Records, que também reprensou Disco Sucks. Pouco depois, já em 79, entraram pela terceira vez em estúdio para gravar duas faixas (I Hate You e Kill, Kill, This Is Pop) para a coletânea Vancouver Complication, um álbum essencial para quem quer conhecer as origens do punk canadense.
Na sequência, fizeram uma turnê pelos EUA, cheia de contratempos e da qual retornaram sem um centavo. Mas fizeram uma certa fama e ganharam experiência o bastante para descobrir que precisavam de alguém para gerenciá-los, o que os levou a Ken Lester um ativista político, cheio de ideias irreverentes. A banda e o empresário iniciaram uma parceria bastante produtiva e duradoura. Nessa época, lançaram o terceiro compacto, com as excelentes World War 3 e Whatcha Gonna Do?, que saiu inicialmente pelo selo deles e depois pela Quintessence, daí haver duas capas diferentes do mesmo disco.


Um breve fim e o primeiro LP
Depois de finalizarem uma turnê pelo Canadá e algumas cidades dos EUA (durante a qual fizeram um retorno rápido a Vancouver para abrir um show do Clash), aconteceu um dos mais bizarros episódios dessa primeira fase da banda. No retorno da turnê, agendaram um show na UBC (University of British Columbia) que teria a segurança por conta de estudantes de engenharia. Péssima ideia dos organizadores. Punks e engenheiros são coisas que não combinam e, claro, terminou tudo em (mais uma) grande briga. Como vinham de uma maratona de seguidas confusões, acabaram discutindo sério e decidiram dar um fim à banda.
Mas Joey não desistiu, principalmente porque haviam começado a gravar o primeiro LP, e, mesmo bastante chateado, procurou outros comparsas e remontou o D.O.A. em poucos dias. Com Dave Greg como segundo guitarrista, Simon "Stubby Pecker" Wilde no baixo e Andy Graffiti na batera, o grupo deu sequência às gravações e poucos meses depois fizeram uma apresentação que não foi lá das melhores. Só que, quem estava na plateia? Randy e Chuck! Depois do show eles conversaram com Joey e resolveram que o D.O.A. original deveria voltar. Azar dos novos integrantes, que da noite para o dia tornaram-se ex! Com Joey, Chuck e Randy o D.O.A. voltou ao estúdio e regravou tudo o que havia sido feito. Foi assim que surgiu Something Better Change, o primeiro LP do grupo, uma pérola do punk rock. Passado algum tempo, Ken Lester insistiu para que Dave Greg se tornasse o segundo guitarrista, algo que considerava essencial para o som da banda. Com isso o D.O.A. tornou-se um quarteto e iniciou uma nova fase, tão produtiva quanto a anterior.


Hardcore
No final de 1980, o D.O.A. começou a gravar seu segundo LP, que receberia o título de Hardcore 81, inspirado por um artigo publicado em uma revista de San Francisco sobre a cena punk da Costa Oeste dos EUA. O texto falava sobre bandas como Dead Kennedys, Avengers, Black Flag e Circle Jerks e incluiu o D.O.A., mesmo eles sendo canadenses. O título do artigo era "Hardcore". Erroneamente, tem gente que pensa ser este segundo LP do D.O.A. que batizou o gênero. Nada a ver.
Apesar disso, o LP foi realmente um dos pioneiros no estilo de punk rock mais rápido e conteúdo político das letras. O momento também era especial. Um novo punk rock explodia no mundo todo, mais espontâneo, mais esclarecido politicamente, mais rebelde no sentido de contestar os governantes, de desafiar o poder estabelecido. E tudo de forma independente, sem o dedo da grande mídia, através de fanzines e pequenos selos, muitos pertencentes às próprias bandas. Anarquismo deixava de ser apenas um termo e passava a ser um ideal. O HC tem o mérito de não ter necessitado de nenhum Malcom McLaren para se impor. E o D.O.A. captou aquele momento em um disco de 14 faixas. Até mesmo Communication Breakdown, do "Dead" Zeppelin, soa agressiva e contestadora na versão de Joey e cia. Pode não ter sido o primeiro, mas é ate hoje um dos melhores discos de hardcore de todos os tempos.
Em abril, antes mesmo de o disco ser lançado, eles organizaram a primeira versão da Hardcore 81 Tour, que durou até o mês de junho e durante a qual aconteceram várias brigas entre os integrantes da banda e do staff. Apesar disso, a vida continuava. O LP saiu, foi bem aceito e a turnê sem fim continuava. Ainda em 81, no mês de outubro, fizeram o primeiro show em Londres, junto com o Dead Kennedys. Um pouco antes de viajarem lançaram um EP, com o nome Positively DOA, pela Alternative Tentacles, que organizou a apresentação. O disco foi gravado às pressas e apresenta novas versões para Disco Sucks, que se tornou New Wave Sucks, e Fucked Up Baby que virou Fucked Up Ronnie. Completam a bolacha outras três faixas que já estavam no LP.
No retorno de Londres, Randy Rampage já não estava mais satisfeito com a banda e começou a demonstrar total desinteresse, além de aparecer sempre chapado demais para os ensaios e shows. Na noite de ano novo, ele fez a última apresentação como baixista do D.O.A.



75% Skulls
A vaga de Randy foi preenchida por Dimwit, que deixara o Subhumans e trocou a batera pelo baixo. Com isso, os três irmão Montgomery estavam envolvidos com o DOA. Chuck na batera, Ken no baixo e Bob como road. Mas não durou muito. Durante as gravações do que seria o terceiro LP, em que resolveram trabalhar novos elementos e ritmos como o reggae. Dimwit e Chuck discutiram feio. Foi a gota d'água para o baterista, que ja não estava contente com a banda há algum tempo.
Naturalmente, Dimwit assumiu as baquetas e ficaram de novo sem um baixista. A notícia de que o Subhumans estava por um fio os animou a procurar o velho amigo Brian "Wimpy" Goble, que aceitou o convite. Com isso, o D.O.A. passava a ter quase a mesma formação do The Skulls. Apenas Dave Greg não estava com os demais integrantes no pioneiro grupo de 77. A nova formação manteve a sequência interminável de shows e gravou War on 45, o terceiro LP, que saiu pela Alternative Tentacles e teve uma produção mais aprimorada. O disco mostra um D.O.A. mais maduro, porém, menos agressivo, mas é punk de primeira qualidade, com certeza.
Em 1983, com a prisão de Gerry Useless (a história está no post anterior), o D.O.A. deu início a uma de suas tradições: fazer discos beneficentes, sempre em prol de causas políticas. A renda do single The Right To Be Wild foi destinada às despesas judiciais para defender Gerry das acusações de terrorismo. Além disso, eles organizaram vários shows para arrecadar uma grana extra (advogados são caros aqui, no Canadá, mais ainda!).
Pouco depois do lançamento deste ep, Dimwit trocou o D.O.A. pelo Pointed Sticks. No lugar dele, entrou Greg "Ned Peckerwood" James, x-Verbal Abuse. Na mesma época, Ken Lester arranjou umas horas no Fantasy Studios, em Berkeley (EUA) para remixar as melhores faixas dos dois primeiros LPs. O resultado é Bloodied but Unbowed, que realmente tem uma qualidade bem superior em relação aos originais e, ao contrário do que muita gente pensa, não é uma coletânea dos primeiros compactos, mas sim os melhores momentos dos dois primeiros LPs.

Festa e distanciamento
1984 começou bem para o D.O.A. com a primeira turnê europeia do grupo, durante a qual gravaram uma Peel Session, que resultou no compacto Don't Turn Yer Back, com quatro faixas. De volta para casa, alguns meses depois, Peckerwood foi convidado a sair pois não estava agradando. Para seu lugar, Dimwit voltou e, de novo, o D.O.A. tinha três ex-Skulls na formação. O passo seguinte, em meio a muitos shows, claro, foi entrar em estúdio mais uma vez. Para produzir o quarto LP escolheram (ou foram escolhidos) o produtor Brian "Too Loud" McLeod, ex-guitarrista de uma banda de hard rock chamada The Headpins. O resultado foi um distanciamento das raízes punks da banda e uma aproximação com o heavy metal e o hard rock, algo muito comum entre as bandas punks daquele período. Joey considera esse o disco mais rock'n'roll do D.O.A., com toda razão.
A turnê de promoção deste LP foi a mais longa de toda a história da banda, por isso, eles mesmo se referiam a ela como a "Endless Tour". Foram oito meses na estrada, com 132 shows em 105 cidades diferentes de 13 países. Óbvio que tanto tempo na estrada rendeu boas histórias, mas algum estresse também. Dimwit acabou sendo a bola da vez e de novo o D.O.A. estava sem batera. Para seu lugar, Jon Card, ex-personality Crisis e SNFU foi o escolhido. Na sequência, gravam o quinto LP, True (North) Strong and Free, desta vez com o produtor Cecil English, que iria trabalhar com eles em outros seis discos. A essa altura, o D.O.A. já era um grupo extremamente profissional. Em relação ao punk, conservaram a postura política, a independência total e absoluta, mas o som agora era rock. Dos bons e de muita atitude, mas não punk rock.

Mais um breve fim
As mudanças na formação passaram a ser mais constantes. A saída do produtor Ken Lester foi a deixa para Dave Greg também abandonar o barco. Em seu lugar entrou Cris "Humper" Prohom, ex- Day Glo Abortions. Antes de lançarem um novo álbum com essa formação, saiu um disco ao vivo, chamado Talk-Action=0, que se tornaria uma espécie de lema para o grupo nos anos 90. O sexto disco (já na era do CD), Murder, mostra um D.O.A. bem mais politizado e engajado em termos de letras, porém, bem menos criativo e enérgico em relação ao som. Depois de mais um tour pela Europa e shows pela América do Norte, em 1990 chegava ao fim a primeira fase do D.O.A., certamente uma banda que ajudou a fazer do punk algo mais que uma explosão acontecida nos agora longínquos anos de 76/77.
Dois anos depois de "acabar", Joey Shithead e Brian "Wimpy" Goble ressuscitaram a banda, que desde então jamais parou, apesar de ter mudado de formação diversas vezes, e lançou mais sete álbuns de estúdio e uma porrada de singles. Sem dúvida, o D.O.A. é hoje uma instituição do punk rock, embora tenham incorporado (talvez, exageradamente) elementos de reggae, heavy metal, hard rock, etc, em seu som.
Em tempo: D.O.A. significa Dead On Arrival, um termo que os médicos usam para aquelas pessoas que dão entrada no hospital já em óbito.


Baixe aqui o clássico Something Better Change


Aqui, o melhor disco do DOA: Hardcore 81


E aqui, uma coletânea com singles de todas as fases, de 1978 a 1999

DOA Facts
  • O primeiro batera do D.O.A., Chuck Biscuits, tornou-se uma lenda do rock'n'roll. Depois de deixar a banda, ele tocou com o Black Flag, Danzig e Run DMC, entre outros. No ano passado, rolou um boato na internet (hoax) de que ele teria morrido de um câncer na garganta. Mas o cara tá vivinho da silva.
  • Joey Shithead já lançou dois CDs solo: Beat Trash (99) e Rock Steady (2006). Neles vai do reggae ao punk e inclui várias faixas apenas faladas, em que conta histórias engraçadas de suas múltiplas viagens pelo mundo.
  • Quando Ken Lester começou a empresariar o grupo, o primeiro show que ele agenciou foi um evento chamado Rock Against Radiation, que como o nome sugere era uma manifestação contra a proliferação de usinas nucleares. Tocaram D.O.A., Subhumans, K-Tels, Pointed Sticks e Reconstruction. Cerca de três mil pessoas participaram da manifestação, que teria sido precursora desse tipo de manifestação no Canadá. No ano seguinte, com organização de entidades oficiais e da Igreja foi organizada uma passeata com mais 50 mil pessoas chamada No Nuke.
  • Após abrirem um show do X, em 1980, os caras do D.O.A. cruzaram com ninguém menos que David Lee Roth, vocalista do Van Halen. O roadie do D.OA. (Bob Montgomery) pediu que ele desse um de seus gritinhos característicos. Como o popstar se recusasse, Bob simplesmente o pegou pela garganta, exigiu que gritasse e só soltou depois que ouviu o cara tentar gritar. Já nos aos 80, o grupo canadense abriu um show de Davd Lee Roth...
  • Em 1989, Joey Shithead (Jello Biafra também) atuou no filme Terminal City Ricochet. Na trilha sonora da película entrou uma versão do D.O.A. para Behind the Smiles, do Subhumans, e uma parceria do grupo com Biafra, que deu tão certo que eles acabaram gravando um LP inteiro, chamado Last Screams of The Missing Neighbors.
  • A Sudden Death Records, fundada por eles para lançar o primeiro compacto, está em atividade e abriga diversas bandas.
  • A maioria das informações aqui contidas foram tiradas do livro I, Shithead, a Life in Punk escrito pelo próprio Joey. Na obra, há muitas (muitas mesmo) histórias engraçadas. Quem puder adquirir não hesite, mas é possível ler o livro on line: clique aqui.

O D.O.A. atual, com Rampage, Shithead e Floor Tom Jones

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Subhumanos, superpolitizados


You and me, girl, we’ll fight it out against the world
If she believes that, she’ll believe everything she’s told

I’ll never leave you, not till the mountains turn to dust

If he believes that, he’s got a little too much trust

She’s nothing to him
He’s nothing to her

And both of them are less than that to me

They’ve both been had

A lie behind the smile

Perjuring to cultivate a dream

Businessmen and workers help each other make their way

If you believe that, just look around and count your pay

The government will help you, protect the old and feed the poor

You might believe that, till the police are at your door


You’re nothing to them

They’re nothing to you
And both of you are less than that to me

The skull and the badge

Are the lie behind the smile

Used against the powerless and weak


I’m a hero, I’m the spokesman for the crowd

My only claim to fame is a machine that makes me loud

Where am I leading you, why can’t you get there on your own

If you believe in me, someday I’ll leave you all alone


I’m nothing to you

You’re nothing to me
And less than nothing’s what I want to be
Confusion and noise

I’m sick behind my smile

Sick of every face that I see

I’m sick of every face that I see

I’m sick of every face that I see


(Tradução livre)
Garota, eu e você vamos lutar contra o mundo
Se ela acreditar nisso, ela acreditará em tudo o que lhe disserem
Eu nunca vou te abandonar, não até que as montanhas desapareçam
Se ele acreditar nisso, mostra que tem um pouco de confiança demais

Ela é nada para ele
Ele é nada para ela
E ambos são menos que isso pra mim
Ambos tinham
Uma mentira por trás do sorriso
Jurando cultivar um sonho

Homens de negócio e trabalhadores se ajudam para construir seus caminhos
Se você acredita nisso, olhe à sua volta e faça as contas do que eles pagam
O governo vai ajudá-lo, vai proteger os velhos e salvar os pobres
Você tem de acreditar nisso, até que a polícia bata em sua porta

Você é nada para eles
Eles são nada para você
E ambos são menos que isso pra mim
A caveira e o emblema
São uma mentira por trás do sorriso
Usados contra os fracos e sem poder

Eu sou um herói, eu sou o líder da multidão
Para chegar a fama só preciso de uma máquina que me faça soar alto
Para onde eu levo vocês? Por que vocês não vão por conta própria?
Se vocês acreditarem em mim, um dia os deixarei sozinhos

Eu sou nada pra vocês
Vocês são nada pra mim
E menos do que nada é o que quero ser
Barulho e confusão
Sinto nojo por trás de meu sorriso
Nojo de todos as caras que vejo
Eu estou com nojo de todas as caras que vejo
Eu estou com nojo de todas as caras que vejo

A letra acima é da música Behind My Smile do Subhumans canadense. Não a coloquei só porque é muito legal, mas também porque foi a primeira música deles que ouvi, lá por 81 ou 82, quando comprei uma coletânea chamada Vancouver Independence. Chapei com o som e a letra. Depois fui atrás de outras coisas deles e também adquiri o LP chamado Incorrect Thoughts, que confesso não achei lá essas coisas na época. Mas hoje reconheço como um clássico, basta ouvir faixas como War In The Head e We're Alive. Aliás, tudo o que eles gravaram é de extrema qualidade. Para completar, os membros do grupo - tal qual o homônimo inglês (carma?) - eram (e são) todos militantes políticos, o que fez do Subhumans uma das principais bandas punks canadenses, ao lado do D.O.A.

Primórdios
Subhumans e DOA têm muito mais em comum do que serem ambos canadenses. Gerry Hannah, baixista do Subhumans, e Joey Shithead, fundador do DOA, são amigos de infância e se iniciaram juntos no mundo da música e da política. Nos anos 70, eles e outros amigos moraram em comunidades no campo, como faziam muitos hipies. A diferença é que não eram da turma da paz e do amor e causavam problemas com a vizinhança. Mas o essencial desta época é que formaram suas primeiras bandas. Nenhuma vingou, mas as experiências mostraram que o que eles queriam mesmo era fazer um som.
O primeiro show que conseguiram foi em 1975, como The Ressurrection. Tocaram apenas covers de Beatles, Black Sabbath e outros. Só que como era num salão comunitário do interior, em um evento extremamente familiar, depois da quarta música tiveram de se retirar. Nessa época, viviam em uma localidade chamada Cherryville, na região das Montanhans Monashee. No Canadá, isso quer dizer que era bem longe de tudo. Depois de muitos problemas com a vizinhança e a polícia, claro, além da pouca grana e do inverno rigoroso do local, resolveram retornar a Vancouver. Junto de Kent Montgomery e Brian Goble fundaram um grupo chamado Stone Crazy, com o qual fizeram algumas apresentações em universidades.
Por volta do final de 1976 e início de 77, os caras começaram a ouvir Ramones, Igyy Pop e outros grupos ligados ao punk. Decidiram então entrar nessa praia. No entanto, Gerry ainda não havia se sintonizado com o som punk. O Stone Crazy acabou e Joey fundou o The Skulls, sem Gerry. Em seu lugar entrou o vocalista Lee Kendall (Ken Dimwit). Essa foi uma das primeiras bandas punks canadenses ao lado do The Furies, The Ugly, The Diodes e do Dishrags.
Depois de algum tempo, ainda em 77, o Skulls se mudou para Toronto. Gerry Hannah também estava por lá e já se entrosara com o punk rock. Então ele mostrou duas músicas para Joey, Brian e Simon. As músicas eram Slave to My Dick e Fuck You, que mais tarde fariam parte do repertório do Subhumans. Eles gostaram tanto que resolveram formar uma outra banda (sem acabar com o Skulls), que chamaram Wimpy and The Bloated Cows, com Gerry no baixo, Joey (Flab Jiggle) na bateria, Brian Wimpy no vocal e Simon na guitarra. A brincadeira durou pouco tempo e alguns meses depois não só o Wimpy como o Skulls acabaram.


Nasce o Subhumans
Depois da "experiência" de Toronto, essa turma toda voltou para Vancouver. Brad Kunt, Brian "Wimpy" Goble e Ken "Dimwit" Montgomery (todos com passagem pelo The Skulls) formaram então o Subhumans. A primeira apresentação da nova banda foi no dia 1 de julho de 78, em um evento anarquista.
Gerry Hannah (que a essa altura adotara o apelido de Gerry Useless) juntou-se ao The Stiffs. Logo Brad deixou o Subhumans e Wimpy assumiu o vocal. Para completar a a formação convidaram Gerry para o baixo e Mike "Normal" Grahan (também do Stiffs) para a guitarra.
Em pouco tempo o Subhumans tornou-se uma das bandas preferidas dos punks canadenses, com shows sempre lotados e bastante agitação. As letras de conteúdo político e inteligentes, sustentadas por um som rápido, pesado e ao mesmo tempo com um ritmo excelente para pogar, conquistaram a molecada que em 78 já fazia de Vancouver uma das cenas mais quentes do hemisfério norte.
Com a primeira formação, ainda em 78, o Subhumans lançou apenas um single. Obviamente um clássico com as faixas Death To The Sickoids e Oh Canaduh. Pouco depois, Ken deixou o grupo e as baquetas ficaram com Koichi "Jim" Imagawa. Com ele, seguiram-se o lançamento do EP Subhumans, de 79, que contém as faixas Fuck You, Slave To My Dick, Inquisition Day e Death Was Too Kind; um single com as faixas Firing Squad e No Productivity
e o primeiro LP, Incorrect Thoughts. Além disso, a banda fez várias turnês, que invariavelmente incluíam a Costa Oeste dos EUA, o que deu boa visibilidade à banda por tocar ao lado de bandas consideradas grandes, como Black Flag, Dead Kennedys, X e outras.

Ação Direta
E, quanto mais experiência ganhavam, mais politizados ficavam. E isso não se resumia a fazer punk rock. Todos os integrantes da banda tinham alguma ligação com grupos políticos, especialmente anarquistas e ambientalistas. Apesar de a maioria das letras serem de Brian, Gerry Hannah sempre foi o mais radical e isso ficou claro quando abandonou a banda no início de 1981. Motivo: engajou-se em um grupo político e ambientalista chamado Direct Action, que, como revela o nome, pregava ações diretas contra o sistema. Isso incluía sabotagens a indústrias poluidoras e fabricantes de armas, por exemplo.

Na real, era uma guerrilha urbana que tinha como alvo principal o capitalismo e a indústria armentista. O grupo ficou conhecido na imprensa comercial como The Squamish Five e na alternativa como The Vancouver Five. Os outros membros do grupo eram Ann Hansen, Brent Taylor, Juliet Belmas e Doug Stewart.
Determinados a provocar danos irreversíveis à cultura capitalista, acreditavam que apenas causando prejuízos físicos e materiais ao inimigo poderiam destrui-lo. Ou seja, o grupo transitava na tênue linha entre a militância e do terrorismo. Assim, realizaram alguns atentados a bomba (sem causar vítimas). A primeira explosão foi contra uma usina hidrelétrica em Vancouver, na época ainda em construção, que os ambientalistas acusavam de provocar danos ao meio ambiente. Os prejuízos com essa explosão teriam passado de cinco milhões de dólares.
Mas o grande atentado mesmo foi conta a Litton, uma fábrica de componentes para fabricação de mísseis a serviço dos EUA. Outra explosão famosa foi contra uma locadora de vídeo especializada em filmes pornôs, acusada pelo grupo de exploração sexual.
Estes atos e o pico das atividades do grupo foram realizados no ano de 1982. No entanto, em janeiro de 83, os cinco foram capturados pela polícia nas proximidades de uma pequena cidade chamada Squamish, daí o nome dado pela grande mídia. Gerry Hannah foi condenado a dez anos de prisão, dos quais cumpriu cinco. Atualmente todos os integrantes do grupo estão livres.

O último suspiro
Mas o Subhumans não acabara quando Gerry saiu, apesar de Jim também ter deixado a banda (por motivos pessoais). Em seus lugares, entraram
o baixista Ron Allan e o baterista Randy Bowman. A nova formação chegou a gravar um LP, chamado No Wishes, No Prayers, também muito bom.
No entanto, antes mesmo que o grupo chegasse a fazer shows com as músicas deste disco, veio o golpe fatal. Brian Goble, que era realmente o showman, o líder da banda (embora nem ele nem os demais integrantes assumissem o fato) aceitou o convite para ser baixista do D.O.A. que àquela altura se tornara uma das bandas mais conhecidas do universo punk. Assim, no outono de 1982, o Subhumans deixava de existir.
Em 1995, na onda da reunião e retorno de 9 entre 10 bandas que acabaram, o Subhumans fez alguns shows com Gerry e Brian. Dez anos depois dessa breve reaparição, o grupo foi definitivamente reformado, com Gerry no baixo, Brian no vocal, Mike Graham na guitarra e e Jon Card (ex-DOA) na batera. Ao contrário de muitos retornos, eles gravaram novo material e não estão presos unicamente ao passado punk, por mais glorioso que tenha sido. O CD New Dark Age Parade comprova isso, com um som longe das raízes punk da banda, mas assim mesmo vigoroso e, principalmente, engajado, com letras profundas sobre a merda política atual.

Baixe aqui Death Was Too Kind,
(coletânea com todos os EPs da primeira fase, à qual acrescentei as duas faixas do LP Vancouver Independence)





Subhumans Facts
  • O EP Subhumans, de 79, foi produzido por um tal e Bob Rock, o mesmo cara que depois trabalhou com Metallica, The Cult, Aerosmith, Mtley Crue, Offspring, etc.
  • Em 1983, o D.O.A. lançou um ep beneficente com o título Right To Be Wild para arrecadar fundos para a campanha "Free The Five", que ajudou a pagar as custas judiciais do processo contra Gerry Hannah e seus companheiros. Uma das faixas do ep era Fuck You, verdadeiro hino do Subhumans.
  • Enquanto esteve preso, Gerry gravou dois álbuns de folk music (Sounds Of The Underground e Whereabouts Unknown).
  • Brian Goble também é chegado a um violão e já gravou canções folk, inclusive costuma fazer apresentaçõs solos, em que toca folk. O lance é que as letras são sempre de muita crítica sócio-política.
  • O baterista Ken Montgomery é irmão mais velho de outro batera: Chuck Biscuits, que além de ter participado da primeira formação do DOA, tocou em grupos como Social Distortion, Circle Jerks, Black Flag e Danzig.
  • Após o "fim" (afinal, estão em atividade) do Subhumans, Mike Normal formou um grupo chamado Shangai Dogs, que lançou um Ep (Clanging Bell, 1983) e um LP (This Evolution, 1985). Ambos são raríssimos e o som é o que hoje se chamaria "progressive punk" (que será isso?). Na verdade, um som mais elaborado sem perder a alma contestadora e o peso.
  • As ações do Vancouver Five e a vida de Gerry Hannah são tema do documentário Useless do cineasta Glen Sanford. Ann Hansen, que fazia parte do grupo, escreveu o livro Direct Action: memoirs of an urban guerrilla (Between The Lines Publishers )
  • Em 1994, Ken "Dimwit" Montgomery morreu de overdose de heroína. Mais uma vítima da mais perigosa das drogas. Descanse em paz!

O Subhumans em 2006: Brian Goble, Gerry Hannah, Mike Graham e Jon Card


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A lenda dos homens pássaros


A Austrália é o berço de algumas das melhores bandas de punk (The Saints) e rock (AC/DC) de todos os tempos. Este post é sobre o RADIO BIRDMAN, que pode ser enquadrado nos dois rótulos e também está na lista dos melhores. Trata-se de um grupo formado na década de 70 e bastante influenciado pelo rock de Detroit, ou seja, Stooges e MC5. É mais uma das trocentas bandas da época que faziam um rock pesado e cru, fora dos padrões hoje conhecidos como "mainstream" (nos anos 70 esse termo não era comum) e que foram rotuladas ou se assumiram como punks depois que o termo "explodiu" em 76.

Pré-história
A história do Radio Birdman começa em 1972, quando Deniz Tek, um americano natural de Ann Arbor (o fato de ser a mesma área em que surgiram Stooges e MC5 não é mera coincidência) migrou para a Austrália com a intenção de estudar medicina. Guitarrista de mão cheia, logo formou uma banda com amigos da faculdade, chamada Screaming White Hot Razor Blades. Eles faziam apenas covers de clássicos dos anos 60, principalmente Rolling Stones. Constantes mudanças na formação levaram o grupo a adotar outro nome: primeiro Cunning Stunts e depois T.V. Jones, já em 74. Com esse último nome, a banda chegou a gravar duas músicas para um compacto, que jamais foi lançado, pois por acidente a fita foi apagada! Uma das faixas era Snake, que mais tarde foi incorporada ao repertório do Radio Birdman e lançada no e.p. Burn My Eye. No mesmo ano, Deniz Tek foi despedido e logo a banda acabou.
Naquela época, uma outra banda, chamada The Rats, tocava em Sydney fazendo covers de Stooges, MC5, New York Dolls, Velvet Underground e outras do mesmo calbre. A identificação e aproximação das duas bandas foi natural. O vocalista do Rats, Rob Younger, logo se tornou amigo de Tek e ambos passaram a dividir uma casa. Pouco tempo depois de o TV Jones acabar o Rats seguiu o mesmo caminho. Foi ainda mais natural que os dois camaradas resolvessem formar um novo grupo. Para tal, chamaram o baterista Ron Keeley e o baixista Carl Rourke, que eram do The Rats e o tecladista Pip Hoyle, do TV Jones. Com essa formação, em novembro de 1974, nasceu uma lenda chamada Radio Birdman.

Dias de glória
No início continuaram fazendo as covers costumeiras, mas também introduziram várias composições próprias no repertório. E, aos poucos, passaram a definir uma identidade e postura mais original, mais agressiva no palco. Começaram a criar um público também agressivo e depois de várias aprsentações seguidas de alguma confusão (violência), os shows foram escasseando. Mesmo assim, eles resolveram manter a postura que mais tarde os aproximaria do punk. Ainda era 1975 e o Radio Birdman se convencia de que o caminho era tocar cada vez mais rápido e pesado, ainda que os donos dos pubs de Sydney insistissem para que maneirassem. Muitos barraram novas apresentações. Mas nem isso os convenceu a fazer concessões e o número de seguidores só aumentava. A fama de durões, loucos e barulhentos logo chamou a atenção de uma parte da mídia que já estava de olho na cena underground. Alguns artigos publicados pela (hoje lendária) RAM Magazine aumentaram a fama do grupo.
Só que na mesma proporção, o número de locais que os recusavam, crescia. Como não houvesse tantos bares e teatros em Sydney, não demorou e o Radio Birdman já nãotinha mais onde se apresentar. A solução foi tornarem-se residentes em um dos poucos espaços que ainda os aceitava, a Oxford Tavern. Paralelamente, Tek e Pip Hoyle chegavam ao quinto ano do curso de medicina, o que tornava o tempo de ambos bem escasso. A situação acabou por pbrigar o Radio Birdman a diminuir drasticamente o número de aparições ao vivo. Ruim por um lado, mas bom por outro, pois a cada vez que anunciavam um show, era considerado um evento. Garantia de casa cheia e, consequentemente, noites que entraram para a história do underground da maior cidade australiana.
A essa altura, metade de 1976, o Radio Birdman estava mais do que pronto para uma primeira experiência em estúdio. Gravaram quatro faixas que consituíram o compacto duplo Burn My Eye, vendido via correio através de um anúncio da RAM Magazine. Esgotou rapidamente e hoje é considerado um item raríssimo para colecionadores.
No início de 77, a Oxford Tavern quase foi demolida, mas o grupo se mobilizou para impedir o fi de um dos poucos locais e que ainda podiam tocar, que passou a ser chamado de Oxford Funhouse. Não só salvaram o espaço como o tornaram um dos points cruciais para o desenvolvimento de uma cena independente em Sydney. Centenas de bandas passaram pelo palco da Oxford Funhouse. Além disso, eles começaram a promover seus próprios shows em outros locais, sempre colocando grupos iniciantes para abrirem suas apresentaçõe. Ou seja, deram uma emenda força para que a cena independente de Sydney prosperasse. Entre os grupos que cresceram junto com eles, o Hellcats foi um dos melhores (farei um post sobre essa banda, em breve).

O voo da águia
Em junho de 77 finalmente é lançado Radios Appear, o primeiro álbum do grupo. Um clássico, que teria custado apenas sete mil dólares, uma bagatela em termos de produção. E, pelo resultado, esse custo fica praticamente zerado. Inicialmente Radios Appear foi vendido da mesma forma (via correio, através de anúncios na RAM) que o ep lançado no ano anterior. Mas logo algumas lojas se interessaram e a fama do disco correu o país. Depois de algumas semanas, a WEA australiana ofereceu um contrato para distribuir o petardo, que atingiu o 35º lugar na lista dos mais vendidos daquele ano.
Depois de várias mini-turnês nacionais, boas vendas de discos, músicas tocando direto em programas de rock e rádios alternativas, além de algumas aparições na tevê, o interesse das grandes companhias pelo grupo cresceu. Acabaram por assinar com a Sire Records, que já contratara o The Saints. De olho no mercado internacional, de cara, a gravadora preparou uma reedição de Radios Appear bastante modificada. Para esse lançamento, algumas músicas (New Race e Love Kills) foram totalmente regravadas, outras tiveram apenas os vocais regravados (Do the Pop e Descent Into the Maelstrom), outras ganharam piano (Murder City Nights) e novas mixagens. Assim, há duas versões de Radios Appear. Ambas explosivas, mas a primeira é mais "crua".

A queda
O passo seguinte, óbvio, seria uma turnê pelo Velho Continente. O que foi feito. E o que era para ser o grande salto, acabou em um grande fiasco e eles jamais retornaram ao lar como uma banda. A tour, chamada por eles de "Anglo Strike", começou em março de 78, com shows pequenos em Londres. Aconteceu com eles mais ou menos o que havia acontecido com o The Saints. Ser punk na Inglaterra naquela época, significava ter cabelos curtos e um visual de acordo com o padrão "Sex Pistols-The Clash-etc." (estranhamente o Ramones sempre foi exceção), o que absolutamente não era o caso deles e nem tinham essa intenção. Como resultado, não conseguiram emplacar entre os punks e também eram muito punks para o público roqueiro. Para tentar consertar, a Sire os colocou numa mini-turnê com o Flammin' Grooves, que não eram punks mas eram respeitados pelos punks. Nem assim deu. Apesar das performances enérgicas, poucos entenderam o Radio Birdman na Inglaterra e a gravadora (como sempre) não deu o menor apoio. Paralelamente, a tensão da convivência na estrada entre os membros do grupo começou a crescer e a tornar-se insustentável. Para piorar, uma prometida tour pelos EUA foi cancelada. Então Denis Tek e Pip Hoyle, com a desculpa que precisavam fazer residência e terminar seus cursos de medicina, retornaram a Austrália. Era o fim.

Herança
Mas durante a turnê, eles deram um pulo ao País de Gales e lá gravaram 18 músicas para um segundo LP. Com o fim da banda, a Sire adiou o lançamento do disco. Da Austrália, Tek tentou reaver a fita original e lançar o disco pelo menos em seu país. A gravadora embaçou, óbvio. Por alguns anos, Tek batalhou e recebia sempre a promessa de que no mês seguinte acertariam o lançamento. Até que parou de receber respostas. Cansado, pegou uma fita cassete que havia guardado e preservado, com 13 músicas da sessão, e resolveu lançar assim mesmo, com mais um lado B de um single solo que fizera (Alien Skies). Em 1981, finalmente é lançado Living Eyes, o segundo LP do Radio Birdman. Mutilado e a partir de uma fita cassete. Assim mesmo a qualidade é impressionante. Em 2005, finalmente, Living Eyes foi relançado a partir da gravação original, com 17 músicas. Nunca é tarde!
















Baixe aqui os LPs Radios Appear e Living Eyes

BIRDMAN'S FACTS
  • Durante sua existência, o "núcleo duro" da banda foi formado por Deniz Tek (guitarra), Rob Younger (vocal), Pip Hoyle (teclados) e Ron Keeley (bateria). Os quatro estiveram juntos do início ao fim. O segundo guitarrista, Chris Masuak, juntou-se ao grupo em 75 e também ficou até os últimos dias. No baixo, pasaram Carl Rourke, Chris Jones e Warwick Gilbert (que entrou em 74 como guitarrista, saiu, e retornou em 75 como baixista para não mais sair). Também acompanharam o grupo em diversos shows Mark Sisto, como backing vocals e Johnny Kannis, como MC e backing vocals.
  • Depois do fim, o Radio Birdman se reuniu diversas vezes para apresentações ao vivo. Deniz Tek, Rob Younger e Chris Mazuak fizeram várias turnês com convidados usando o nome da banda, mas desde 2007 eles não se apresentaram mais. Provavelmente, acabaram definitivamente.
  • Mas os membros fundaram outras bandas importantes, como o New Race, que contou com Tek, Younger e Gilbert a lado de Dennis Thompson (ex-baterista do MC5) e o grande Ron Asheton (R.I.P.). Pip Hoyle, por sua vez, fundou o The Visitors, com um som mais new wave-pop, porém, de altíssima qualidade. Outros grupos que contaram com ex-integrantes do Radio Birdman foram o Hitmen, New Christs, The Otherside e Comrades of War, entre outros.
  • No início de 1976, época em que eram residentes da Oxford Tavern, foram convidados para um show na cidade de Armidale. Mas alguém babou, porque era uma festa do Lions Club local, com público de coroas da high society. Depois de três músicas, foram convidados a deixar o palco, claro.
  • Uma das características do Radio Birdman era a identidade visual. Eles costumavam usar uniformes militares e algumas vezes apareciam vestidos com as mesmas roupas. Também criaram um símbolo, que alguns seguidores na época identificaram como o símbolo da "coragem", mas na verdade apenas representava uma águia em pleno voo. Essas caracterizações levaram algumas pessoas a ver conotações nazistas. Nada a ver...
  • O nome da banda nasceu a partir de um erro ao ouvirem 1970 dos Stooges. Eles pensavam que era isso (Radio Birdman) que Iggy Pop cantava, quando na verdade era: "Outta of my mind on a saturday night / 1970 rollin' in sight / Radio burnin' up above / Beautiful baby, be my love. Mas ficou legal assim mesmo.
  • Radios Appear, título do primeiro LP, foi inspirado na música Dominance and Submission do Blue Oyster Cult (para quem não conhece, um grupo de hard rock que tinha letras politizadas).
  • Em 1977 o Radio Birdman foi contratado para abrir uma sére de shows de Iggy Pop na Austrália. Mas o grande inpsirador da banda cancelou a turnê. Alguns cartazes haviam sido impressos e tornaram-se objeto de colecionadores.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Zineiros, unidos, jamais serão vencidos!

A cultura zineira busca espaço na web. Visitem o site do ZINE OFICIAL

O pessoal não fica de braço cruzado não! (clique na imagem para ver do que se trata)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Factor Zero número 2

Enfim, aqui está o terceiro FZ. Quase temático, pode-se dizer que é o FZ sacana. Quando fiz esta edição, estava numa fase "eu quero sexo"! E, no fundo, queria chamar a atenção para o fato de, no Brasil, naquela época, o punk ter uma maiora absoluta de garotos. Logo após a publicação, algumas punketes vieram me questionar sobre as cutucadas, tipo a da matéria das Go-Go's, em que eu escrevi que "no Brasil devia ter bandas como essa, mas não temos minas assim nem na platéia, que dirá no palco"! As minas ficaram furiosas, mas foi bom, porque depois da discussão, acabei ficando com uma delas.... ha, ha, ha!
Mas esta edição teve uma pequena evolução também. Novamente, preferia ler comentários (que parece não ser a praia da maioria dos leitores do blog) do que tecê-los. Em tempo: se minha memória não me trai (e isso é duvidoso) comecei a fazer a quarta edição, mas não a terminei... Assim, este foi o último FZ publicado.

O esquema segue o mesmo. Para ver as imagens maiores, basta clicar nelas. Para baixar em JPG, em alta definição, clique aqui.

Se preferir, leia os PDFs no blog Haverá Som de Fita, que foi o responsável por resgatar esse pedaço da história do punk nacional. Mais uma vez, valeu George!

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